O mercado de terrenos tende a ficar mais aquecido após a virada do ano na cidade de São Paulo - maior mercado imobiliário do país. Ainda que o banco de áreas de boa parte das incorporadoras esteja abastecido devido à redução do volume de lançamentos dos últimos anos, as empresas estão se preparando para repor os terrenos consumidos nos novos projetos apresentados.
Há perspectiva de alta do volume de empreendimentos lançados, principalmente nos segmentos de média e alta rendas, o que já começa a se refletir nas condições de compra aceitas pelas incorporadoras. "Empresas grandes estão abrindo a possibilidade de pagamento somente em dinheiro por terrenos para projetos dos padrões médio e alto", conta Ronny Lopes, sócio da Arquimóvel, empresa que representa incorporadoras na aquisição de áreas. Nos últimos anos, a permuta tem sido a principal modalidade de pagamento.
Embora o fechamento mais expressivo de negócios seja esperado para o início de 2019, o volume de negociações aumentou, e as conversas prosseguiram na segunda quinzena de dezembro, quando costuma ocorrer uma redução, segundo Lopes. Outra mudança que sinaliza o otimismo do setor, conforme o sócio da Arquimóvel, é que incorporadoras passaram a buscar também áreas no chamado remanso, ou seja, nos miolos de bairros, e não só nos eixos estruturantes (proximidades de metrôs e corredores de transporte público).
O mercado espera que o setor imobiliário se beneficie, em 2019, do previsto crescimento da economia, da continuidade das reformas no novo governo - encabeçado por Jair Bolsonaro (PSL) - da redução dos distratos e do aumento do crédito para habitação. "Os resultados das eleições de outubro animaram os mercados, e a procura por terrenos para incorporar novos empreendimentos aumentou bastante", diz o vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Secovi-SP, Emílio Kallas.
Por outro lado, ressalta Kallas, indefinições na Lei de Zoneamento da capital paulista fizeram com que as empresas só comprassem terrenos com cláusula resolutiva. "Somente após muito estudo e muita pesquisa, pode-se dizer se esta matéria-prima poderá ser adequada para o projeto pensado, na sua viabilidade e quando será possível colocar o terreno em uso", diz o representante do Secovi-SP.
O presidente da Helbor, Henry Borenstein, conta que a incorporadora tem reciclado seu banco de terrenos, com saída de algumas cidades, em que está deixando de atuar, como Salvador e Rio de Janeiro, e concentrado compras de áreas na cidade de São Paulo, em Campinas, Guarulhos e Curitiba. Atualmente, São Paulo responde por fatia entre 70% e 80% do banco de terrenos. Na capital paulista, a Helbor tem vendido áreas em bairros com menor velocidade de vendas e muita oferta e optado por regiões com mais liquidez.