A caderneta de poupança completou o quinto mês consecutivo de saques. Em maio, as retiradas superaram os depósitos em R$ 6,591 bilhões, fazendo deste o pior maio já registrado. Os saques líquidos no ano já somam R$ 38,888 bilhões, o pior resultado no acumulado de cinco primeiros meses da série histórica compilada pelo Banco Central (BC) desde 1995.
O desempenho do mês passado não foi ainda pior em função de uma entrada de R$ 3,229 bilhões no último dia útil de maio, pois até o dia 30, os saques somavam R$ 9,820 bilhões. Em maio de 2015, a retirada líquida tinha somado R$ 3,2 bilhões.
Em 2015, as retiradas superaram os depósitos em R$ 53,567 bilhões, marcando o pior ano da série estatística compilada pelo BC. Em 2014, a poupança captou R$ 24,034 bilhões, menor captação líquida desde os R$ 14,186 bilhões de 2011, após o recorde de R$ 71,047 bilhões de 2013.
Os fatores que ajudam a explicar os saques são inflação elevada, aumento do desemprego, menor crescimento da renda do trabalhador e maiores gastos com tarifas e combustíveis. A Selic estacionada em 14,25% também tira atratividade da caderneta, que perde em termos de rentabilidade para outras formas de aplicação mesmo considerando a isenção de Imposto de Renda.
Como o saque de recursos foi superior ao rendimento de R$ 3,969 bilhões, o patrimônio total da poupança caiu para R$ 637,865 bilhões no mês passado. No ano, o patrimônio encolheu em R$ 18,724 bilhões.
Em maio, os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário mostraram saque líquido de R$ 4,177 bilhões (SBPE). E as instituições que destinam os recursos para o crédito rural registram saída líquida de R$ 2,413 bilhão (SBPR).
No fim de maio de 2015, o BC alterou regras de compulsórios sobre a poupança, visando colocar recursos no segmento que é responsável pela maior parte dos financiamentos imobiliários. O potencial de liberação foi de R$ 22 bilhões. Novo funding ao setor está sendo desenhado, conforme o governo planeja usar o FGTS para a compra de R$ 10 bilhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI). A principal beneficiária seria a Caixa Econômica Federal.
Desde o fim de agosto de 2013, a poupança voltou a ser remunerada pela "fórmula antiga" de 0,5% ao mês mais a TR. Pela regra em vigor, se a Selic voltara ficar abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica de juros.