Por Thais Barcellos
Em meio ao esgotamento dos recursos da poupança, a Caixa lançou nesta segunda-feira uma nova linha de crédito habitacional para financiar imóveis que custam acima de R$ 1,5 milhão, com juros mais altos do que os financiamentos com recursos da poupança.
Segundo a Caixa, os juros aplicados ao financiamento começam em 114% do CDI, título bancário que segue a variação da Taxa Selic, e não será possível usar recursos do FGTS.
Essa é mais uma alternativa criada pelo banco aos empréstimos imobiliários por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Nessa modalidade, os bancos usam parte dos depósitos da poupança, com remuneração mais barata que a Taxa Selic, para conceder crédito imobiliário com juros mais vantajosos.
Esse modelo, porém, vem dando sinais de esgotamento devido ao deslocamento dos investimentos da população para outras opções mais rentáveis que a caderneta. Desde novembro, a Caixa não financia mais imóveis acima de R$ 1,5 milhão via SPBE.
Como mostrou o GLOBO, o banco já havia criado em outubro uma nova linha de financiamento com recursos livres e indexação ao CDI para as construtoras . Agora, é a vez das pessoas físicas. Isso ocorre também depois de o banco endurecer as regras de acesso ao SBPE para as famílias, com o aumento do valor mínimo de entrada e restrição a um financiamento ativo no banco.
A nova linha para PF vai usar recursos livres do banco, ou seja, sem o direcionamento obrigatório da poupança. A taxa de juros anual será composta por percentual da média diária do índice e partirá de 114% do CDI, variando de acordo com o prazo e relacionamento com o banco. O cliente terá como opção o sistema de amortização SAC, com entrada mínima de 30%.
Além de atender quem quer comprar imóveis acima de R$ 1,5 milhão, a novidade também é destinada a quem já tem um financiamento ativo com a Caixa. O prazo de pagamento será de até 360 meses e as condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados. Mas será inicialmente destinada ao financiamento de imóveis prontos.
“Com mais essa opção, a CAIXA exerce papel fundamental na ampliação das fontes de recursos para o crédito imobiliário, colaborando com a diversificação das possibilidades de financiamento por meio de recursos livres do banco", ressalta, em nota, o presidente da CAIXA, Carlos Vieira.
Até setembro, as concessões de crédito habitacional com recursos da poupança somaram R$ 65,6 bilhões, conforme o balanço da Caixa do terceiro trimestre, de um orçamento total para 2024 de cerca de R$ 72 bilhões. Ou seja, sobraram em torno de R$ 6 bilhões para o período de outubro a dezembro.