Aline Bronzati
A Caixa Econômica Federal estima queda de 3% em novas concessões de crédito imobiliário neste ano, totalizando cerca de R$ 87 bilhões ante R$ 90 bilhões liberados em 2015, segundo Teotonio Rezende, diretor executivo de Habitação do banco. Apesar disso, a instituição, segundo ele, espera elevar a carteira ao redor dos 12% nesse exercício, mantendo o patamar do ano passado ainda que seja emprestando menos e de forma
mais seletiva por falta de funding e aumento de inadimplência. “A queda só não será maior por conta dos ajustes que fizemos com o aporte dos recursos liberados pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)”, explicou Rezende, citando R$ 7 bilhões para a linha procotista e R$ 6,7 bilhões para os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), a jornalistas, durante o Summit Imobiliário.
Sobre a inadimplência da carteira, o executivo afirmou que o cenário de crise no Brasil teve impacto no crédito imobiliário, que há anos cultiva calotes em patamares bem abaixo do que outros segmentos. A Caixa, conforme ele, espera encerrar 2016 com inadimplência no imobiliária ao redor dos 2%.
O contexto, de acordo com Rezende, faz a Caixa ter uma posição ainda mais seletiva, embora os prazos médios dos financiamentos estejam nos níveis habituais, sendo 25 anos para financiamentos com recursos do FGTS e 30 anos para aqueles no âmbito do sistema brasileiro de poupança e empréstimos (SB- PE). O prazo máximo continua, segundo ele, em 30 e 35 anos, respectivamente.
Quanto a um novo aumento de juros, o diretor da Caixa disse que, por ora, o banco não cogita outra elevação. Segundo ele, a decisão de subir a taxa no mês passado foi tomada em dezembro de 2015 e não sob pressão
das instituições privadas. “Elevar juros é decisão de cada banco. Decidimos aumentar as taxas no crédito imobiliário em dezembro de 2015 e ficamos acompanhando o comportamento da poupança. Como não teve reversão, tivemos de elevar os juros.”
Segundo ele, há limite para o aumento de juros, uma vez que pode gerar uma seleção adversa. Entretanto, admitiu que es- sa foi a saída para o banco não comprometer sua margem, visto que o custo de captação aumentou em linha com a Selic. “O crédito imobiliário só vai ser retomado quando os juros vol- tarem para um dígito, avaliou o diretor da Caixa.
Ele informou que a Caixa estuda a criação de um título, que pode ser uma letra de crédito imobiliária, indexada a um índice de preços, como, por exemplo, o IPCA, como um funding alternativo para os empréstimos do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), ou seja, imóveis acima de R$ 750 mil. “São estudos ainda. Com juros de dois dígitos, é difícil funding alternativo. Vamos testar o mercado para investidores institucionais.”