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04/12/2024

Caixa negocia com Fazenda uso de estatal para aliviar crédito imobiliário (O Globo)

Para 2025, o orçamento do banco destinado a financiamentos habitacionais com recursos da poupança deve ficar em torno de R$ 70 bilhões

A Caixa Econômica Federal está discutindo alternativas com o Ministério da Fazenda a fim de evitar falta de recursos para empréstimos habitacionais para a classe média. Isso já está acontecendo, mas, a menos de um mês do fim do ano, a maior preocupação do banco é assegurar uma fonte de financiamento, principalmente no segundo semestre de 2025, diante da escassez da caderneta de poupança.

Entre as alternativas solicitadas pela Caixa à Fazenda estão usar a estatal Empresa Gestora de Ativos (Emgea) para levantar pelo menos R$ 10 bilhões com a venda de títulos da Caixa e carteira de financiamentos, além de recorrer ao FGTS.

O assunto foi discutido entre o presidente da Caixa, Carlos Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira. Durante a audiência, Vieira apresentou ao ministro o resultado da sua gestão de um ano à frente do banco.

Para 2025, o orçamento da Caixa destinado a financiamentos habitacionais com recursos da poupança, que compõem Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), deve ficar em torno de R$ 70 bilhões. No primeiro semestre, a avaliação é que os recursos serão suficientes. Já no restante do ano, a previsão é que se nada for feito, faltará dinheiro diante do aquecimento da demanda.

Neste ano, as contratações devem atingir R$ 80 bilhões, superando toda a previsão para o ano, que era de cerca de R$ 70 bilhões.

Desde outubro, a Caixa está segurando pedidos de empréstimos habitacionais com recursos da poupança para evitar paralisar as operações. As condições de financiamento pioram para construtoras e pessoas físicas.

A cota de financiamento foi reduzida de 80% para 70%, o que exige uma entrada maior do tomador.

Além disso, os juros também subiram para se adequar aos custos de captação de outras fontes do mercado, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Neste caso, os recursos serão destinados a financiamento de imóveis acima de R$ 1,5 milhão.

No SBPE, o valor do imóvel é limitado a R$ 1,5 milhão. Outra fonte tradicional de financiamento é o FGTS, que atende famílias com renda de até R$ 8 mil dentro do Minha Casa, Minha Vida para compra de imóveis de até R$ 350 mil.

Neste ano, o FGTS reservou cerca de R$ 120 bilhões mas, mesmo assim, não há verba suficiente para atender a demanda por financiamento de usados. A pedido do setor da construção civil, o governo adotou uma restrição que privilegia imóveis novos, sob o argumento de que esse tipo de investimento gera emprego e renda. 

FONTE: O GLOBO