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28/03/2018

Caixa resolve capital, mas limita crédito

O resultado contábil foi ainda melhor, beneficiado por uma reversão de provisões atuariais, e atingiu R$ 12,5 bilhões, o maior da história do banco.

A Caixa Econômica Federal vai chegar a 2019 com a situação de capital equacionada, mas com limitações para crescer no crédito. A melhora no resultado no ano passado ajudou a diminuir o risco de a Caixa ter de recorrer a um aporte de recursos para equilibrar o capital. O lucro líquido recorrente do banco foi de R$ 8,6 bilhões no ano passado, o que representa alta de 106,9% em relação a 2016. A rentabilidade praticamente dobrou, de 6,6% para 12,9%. O resultado contábil foi ainda melhor, beneficiado por uma reversão de provisões atuariais, e atingiu R$ 12,5 bilhões, o maior da história do banco.

Se as regras de Basileia 3 já estivessem plenamente em vigor, a Caixa teria encerrado o ano passado com 10,6% de capital de nível 1. No ano anterior, esse índice era de 9,5%, patamar mínimo que será exigido pelo Banco Central a partir de 2019, o que despertou dúvidas sobre a capacidade do banco de se adequar às regras. "O capital está equacionado, mas com restrição para a concessão de crédito", disse o vice-presidente de finanças da Caixa, Arno Meyer.

Como não podia crescer no crédito, a Caixa procurou avançar na receita de serviços, segundo Meyer. Esse indicador aumentou 11,5%, para R$ 25,041 bilhões, impulsionado sobretudo por conta corrente e fundos de investimentos. A Caixa fechou o ano passado com R$ 2,177 trilhões em ativos administrados, alta de 1,9%. O saldo de FGTS caiu 2,6%, para R$ 489 bilhões. "A queda foi pequena, apesar do saque das contas inativas", disse Meyer.

A Caixa espera manter estável sua carteira de crédito neste ano em relação aos R$ 706 bilhões apresentados em dezembro passado - queda de 0,4% em 12 meses. O presidente da instituição, Gilberto Occhi, afirmou que o banco vai manter o crescimento no crédito habitacional com recursos do FGTS e da poupança.

No segmento comercial, a expectativa é manter o volume de operações com pessoa física e crescer no segmento de pessoa jurídica. De acordo com o executivo, o foco vai ser em linhas de menor risco e que geram maior retorno, já que o banco precisa formar um colchão de capital.

O índice de inadimplência acima de 90 dias da carteira de crédito da Caixa caiu 0,6 ponto em 12 meses, para 2,25%. As despesas de provisão acompanharam a queda nos calotes e recuaram 4,2% em 2017, para R$ 19,3 bilhões.

Occhi afirmou que o objetivo da Caixa é repetir, em 2018, um lucro recorrente semelhante ao do ano passado. "Vamos continuar a trabalhar a eficiência do banco, a redução das despesas e a melhoria das receitas, especialmente as de prestação de serviços", disse.

A Caixa vai fazer o pagamento mínimo obrigatório de dividendo de 25% de seu lucro líquido de 2017, afirmou o vice-presidente de riscos da instituição, Paulo Henrique Souza. No entanto, a recapitalização desses dividendos pode acontecer, se assim for decidido pelo Tesouro Nacional.

A venda de carteiras de crédito ativas também está nos planos do banco, segundo Occhi. Em paralelo, a instituição pretende prosseguir com um programa de recuperação de créditos do varejo aberto em 2017 - que contempla carteiras que não podem ser vendidas por restrição do Tribunal de Contas da União (TCU). Por outro lado, o IPO da Caixa Seguridade não está no radar da instituição para este ano.

Occhi afirmou ainda que a necessidade de aprovação do Banco Central para diretores de bancos públicos é importante para a governança e ajuda a Caixa. O balanço do banco recebeu uma ressalva da auditoria PwC . "Considerando que as ações relacionadas às investigações de supostos atos ilegais por parte de certos administradores e ex-administradores estão em andamento, os possíveis impactos decorrentes da resolução desses temas não são conhecidos", informa a auditoria.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO