Felipe Gutierrez, Douglas Gavras e Taís Hirata
A queda na renda do brasileiro e o aumento do desemprego impactaram na inadimplência da faixa um do programa Minha Casa, Minha Vida. Nesse grupo, os imóveis são destinados àquelas famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.800, e o governo custeia o limite máximo de 90% do valor da moradia.
Em maio, 28,8% dos mutuários estavam em atraso há mais de 90 dias, segundo o Ministério das Cidades e a Caixa. O calote cresce com a perda de postos de trabalho. No trimestre móvel até abril, o desemprego era 11,2% -no mês, os inadimplentes eram 27%. No mesmo período de 2014, com desemprego de 7,1%, os maiores atrasos eram 17,5%.
"Os números refletem que, quanto mais baixa a renda, maior é a sensibilidade em relação ao índice de emprego", diz Rodrigo Luna, do Secovi-SP (do setor imobiliário).
O programa é bom, mas o país deve pensar em opções como o custeio de um aluguel social, em lugar de dar a casa, diz Fernando Marcato, da FGV.
"Como a parcela é baixa, a inadimplência pode se dar pela impressão de que o mutuário não será penalizado ", diz o consultor financeiro Marcelo Prata. "A cobrança firme é fundamental."
Em nota, a Caixa diz que faz emissão de avisos de cobrança e destaca a possibilidade de fazer acordos para quitação.
Obras paradas - Caso o congelamento das faixas um e um e meio do Minha Casa, Minha Vida - que têm maior subsídio do Tesouro - se concretize, a venda de materiais de construção para as obras cairia para 4%, segundo a Abramat.
O programa já representou 8% do total de materiais de construção usados no país.
"A redução teria impacto na indústria e nas construtoras, principalmente as de pequeno e médio portes", diz Walter Cover, da entidade.