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11/10/2019

Captações de empresas brasileiras batem recorde

O volume de ofertas de empresas brasileiras no mercado de capitais de janeiro a setembro deste ano alcançou R$ 335,1 bilhões, com alta de 41% em relação ao mesmo intervalo de 2018

O volume de ofertas de empresas brasileiras no mercado de capitais de janeiro a setembro deste ano alcançou R$ 335,1 bilhões, com alta de 41% em relação ao mesmo intervalo de 2018. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

“É o maior já computado na série histórica da associação, o que só reforça o nosso entendimento da força do mercado de capitais para o financiamento das companhias”, disse José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.

O desempenho recorde foi puxado por duas classes de ativos. Uma delas, de renda fixa, reúne as operações de notas promissórias, letras financeiras, certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRI e CRA), fundos imobiliários e fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC). As emissões com esses papéis atingiram o recorde de R$ 89 bilhões, de janeiro a setembro, com alta de 43%. Superaram o total de R$ 86,3 bilhões captados por esses instrumentos híbridos em todo o ano de 2017.

A outra categoria que teve performance histórica foi a das ofertas de ações, que viveram um ano fraco em 2018, com R$ 11,3 bilhões captados, mas que somente nos últimos nove meses, atingiram R$ 57,6 bilhões, volume cerca de cinco vezes superior ao total emitido ano passado.

O valor acumulado em 2019 até setembro é o terceiro maior volume já registrado pela Anbima, perdendo só para os R$ 75,5 bilhões de 2007, ano do boom de ofertas iniciais de ações no mercado brasileiro, e para os R$ 70,4 bilhões de 2010 - esse dado desconsidera a operação atípica da Petrobras, de R$ 120 bilhões.

Do total acumulado até setembro, apenas 8% referem-se a ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), realizadas pela Centauro e Neoenergia. O número não inclui os R$ 2 bilhões levantados pela rede de joalherias Vivara, que estreou ontem na bolsa paulista.

O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, afirmou que o IPO da Vivara mostrou que existe interesse dos investidores para bons ativos. Ele avaliou que o momento de estabilidade econômica e responsabilidade fiscal vai proporcionar a retomada do crescimento no país.

“O mercado de capitais vai cada vez mais representar um meio de financiamento das empresas”, afirmou. Segundo ele, a bolsa já alcançou 1,4 milhão de investidores, o que mostra a migração para ativos de mais risco. “A Vivara aproxima nosso mercado de investidores de varejo”, disse.

Finkelsztain também disse acreditar que a bolsa deverá bater recorde de volume de ofertas de ações este mês. “Com a oferta grande de ações do Banco do Brasil na próxima semana, devemos bater o recorde de 2007”, disse.

Segundo o executivo da B3, o volume de ofertas médias tende a aumentar na bolsa brasileira. “Estamos vendo o interesse maior de bancos e gestoras de private equity para trabalhar com empresas menores, então podemos ver uma redução no tamanho médio dos ipos”, disse Finkelsztain. Segundo ele, nos últimos 24 meses, a média de ofertas iniciais no mundo foi de US$ 140 milhões, enquanto no Brasil foi de US$ 500 milhões.

O total de R$ 335 bilhões captado pelas empresas brasileiras no mercado de capitais inclui ainda a venda de debêntures e de bônus no mercado externo.

No caso dos títulos de dívida domésticos, o montante ficou praticamente estável de janeiro a setembro deste ano, em R$ 122 bilhões (alta de 1,5%). Conforme os dados da Anbima, houve redução de 17% nas operações incentivadas de infraestrutura, que somaram R$ 17 bilhões. No caso dos títulos emitidos no mercado externo, o crescimento foi de 37%, para R$ 66,2 bilhões.

FONTE: VALOR ECONôMICO