A Paladin Realty Partners vê o mercado imobiliário brasileiro com "bastante precaução", atualmente, segundo o diretor no Brasil da gestora de recursos focada em investimentos no setor na América Latina, Ricardo Raoul. Na avaliação do executivo, o mercado vive um momento "sem trajetória definida" em relação a fatores como regulamentação dos distratos, disponibilidade de crédito imobiliário, câmbio e confiança do consumidor. "Os ciclos eram de três ou quatro anos, agora são de três ou quatro meses. Há trimestres de otimismo e trimestres de pessimismo", diz Raoul.
Os investimentos previstos para este ano, no Brasil, são de US$ 150 milhões e, para 2019, na mesma ordem de valor. O executivo se define como "realista" em relação ao país e afirma que, embora muito inferior ao que se esperava, há "discreta melhora" do mercado na comparação com o governo anterior. Raoul espera que esse cenário se mantenha até o fim de 2019. A partir daí, os rumos dependerão das medidas a serem adotadas pelo presidente que será eleito em outubro.
No Brasil, a Paladin atua, principalmente, no mercado residencial de média e média-alta renda para venda e tem parcerias de projetos com as incorporadoras You, IdeiaZarvos, Kallas e Calper. Há 55 projetos em execução, distribuídos em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A gestora tem participação no capital da You e da Viver e possui fatia do edifício comercial de padrão triple A Tower Bridge Corporate por meio de fundo imobiliário.
Seis meses após o presidente da República, Michel Temer, assumir o cargo, a Paladin reduziu o ritmo dos investimentos no Brasil, por considerar que a velocidade de vendas de imóveis estava abaixo da esperada e pelo desemprego não ter caído conforme a expectativa. O país, que já respondeu por 65% dos negócios da gestora na América Latina, detém hoje a fatia de 55%. O total investido no Brasil, na Colômbia, no Peru, México, Chile, Uruguai e na Costa Rica ultrapassa US$ 5 bilhões. Os próximos investimentos locais vão se concentrar em São Paulo - maior mercado imobiliário do país.
No segmento residencial, as apostas se concentram em empreendimentos desenvolvidos nos chamados eixos estruturantes da capital paulista - proximidades de metrô e corredores de transporte público, onde o potencial construtivo aumentou com o novo Plano Diretor -, preço por metro quadrado competitivo e produtos diferenciados, segundo Raoul. "O mercado existe, mas exige muito mais do incorporador do que há alguns anos", diz o executivo.
Com a You, sua principal parceria no país, a gestora lançou, recentemente, empreendimento residencial em Perdizes, com 26 andares e pé direito de 3,7 metros. Do total de unidades, 55% foram vendidas no primeiro fim de semana. Em conjunto, Paladin e You vão lançar, até o fim do ano, empreendimento de uso misto, com prédio residencial, hotel e centro médico, em Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. Há intenção de replicar esse projeto, futuramente, na Vila Mariana.
Segundo Raoul, a gestora tem prazo de até quatro anos para sair do investimento na You. "É um tempo para aproveitar a próxima onda do mercado de capitais e o setor de incorporação mais favorável", conta o executivo.
Já na Viver, a Paladin pretende desinvestir "assim que o mercado permitir", segundo Raoul. A gestora detém 30,6% de participação na incorporadora e é a maior acionista. Entre as possibilidades consideradas pela Paladin para desinvestimento estão a Viver ser comprada por parte de uma incorporadora fechada que tenha interesse em acessar o mercado de capitais, a fusão da Viver - que tem créditos por prejuízos acumulados - com outra incorporadora, e a venda das ações da companhia no mercado.
De acordo com Raoul, a Paladin já conseguiu extensão do prazo para se manter no capital da Viver e pode obter mais duas ou três ampliações se necessário. A gestora pretende também ampliar sua presença em propriedades para renda por meio de aluguel. "Queremos acessar investidores que também querem olhar para renda", afirma.
No momento, a Paladin está captando a primeira tranche de fundo nos Estados Unidos, no valor de US$ 100 milhões, para desenvolver projetos residenciais para locação, que devem ficar prontos em três anos. Há intenção de montar portfólio de cinco a dez prédios, com prazo para sair do investimento entre oito e dez anos. A Paladin tem buscado ainda aquisições de galpões.