Mesmo com a redução dos lançamentos nos últimos meses, as vendas de imóveis residenciais têm se mantido em níveis fortes no País, com um forte escoamento de estoques, avaliou Celso Petrucci, economista responsável pela pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
"O mercado vem respondendo bem. Há vendas de lançamentos e de unidades que já estavam em obras ou foram entregues recentemente", disse há pouco, durante entrevista coletiva à imprensa. Ele comentou que algumas cidades das regiões Sul e Sudeste estão praticamente sem estoque de imóveis.
Petrucci atribuiu a queda nos lançamentos ao aumento nos custos de materiais de construção sentida pela empresas entre 2021 e 2022, e à maior dificuldade de reajustar os preços de venda na mesma proporção, o que desperta uma certa cautela entre os empresários.
Além disso, parte da queda nos lançamentos também pode ser explicada pela demora na entrada em vigor das novas regras do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) - algo que era esperado para acontecer no início deste ano, mas ficou para julho. Esse fato fez as incorporadoras postergarem lançamentos. "As empresas não conseguem se readequar do dia para a noite. Isso leva algum tempo", comentou Petrucci.
O presidente da CBIC, Renato Correia, também considerou os números de vendas positivos neste ano. "No momento do lançamento é quando tem a maior quantidade das vendas. E as vendas foram fortes apesar da queda nos lançamentos", destacou. Segundo ele, as vendas poderiam ter sido até maiores se houvesse mais oferta de imóveis.
O sócio da consultoria Brain, Fabio Tadeu Araújo, disse que o terceiro trimestre foi o melhor em vendas desde o começo de 2022. "Foi um desempenho realmente forte", disse.
O vice-presidente da Indústria Imobiliária da CBIC e presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Ely Wertheim, afirmou que há uma venda firme de estoque de imóveis pelo Brasil inteiro, o que pode gerar situações de falta de produtos para os consumidores. "Em algumas praças, pode ter início de ciclo de escassez, o que preocupa um pouco".