Após nove anos, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) passará por uma mudança em seu comando. O mandato de José Carlos Martins, que ocupa a presidência desde 2014, termina no fim de junho e o cargo deverá ser assumido por Renato de Sousa Correia, engenheiro civil de Goiás.
O nome do novo presidente será confirmado no dia 11 de maio, quando a CBIC realiza a eleição de seu conselho de administração e conselho fiscal para o período de 2023 e 2026. Foi registrada apenas uma chapa para a disputa.
Empresário com mais de 30 anos de experiência no setor imobiliário, o futuro presidente é sócio-diretor da Vega Incorporações de Goiânia e é vice-presidente da CBIC da região Centro-Oeste. Atualmente, também ocupa cargo de vice-presidente do Sinduscon-GO e foi presidente da Ademi-GO na gestão 2014-2017.
Em entrevista ao Valor, Correia reforçou um discurso de continuidade do trabalho que vinha sendo feito por Martins, mas ressaltou a necessidade de orçamento público para aceleração do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para as pessoas mais carentes e de segurança jurídica para a alavancar investimentos em saneamento básico.
Ele disse que a reforma tributária, que tramita no Congresso Nacional, pode até ser benéfica, desde que considere na hora de definir a tributação que o setor a importância do setor para a economia e geração de emprego. O futuro presidente reforçou que é necessário medidas para fortalecer o mercado de trabalho para que ocorra um aumento das receitas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Para ele, o diálogo com o governo, que vem sendo uma marca da CBIC, deve ser mantido e fortalecido.
Sua avaliação é que “as coisas estão demorando um pouco a acontecer” neste governo. Por exemplo o fato de que o Executivo ainda não indicou todos os nomes para composição do conselho do FGTS. Neste ano, nenhuma reunião foi realizada. “Estamos preocupados com a dinâmica política”, afirmou, destacando que a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os ataques terroristas de 8 de janeiro, mesmo sendo necessária investigação sobre o assunto, pode prejudicar a votação de projetos considerados prioritários pelo governo federal.
Correia citou que os desafios do governo, assim como do setor da construção civil, é zerar ou diminuir consideravelmente o déficit habitacional no país, que atualmente chega a seis milhões de moradias, assim como a universalização do saneamento básico. “Como entidade vamos nos desafiar e desafiar os governantes para zerar o déficit [habitacional], destacou.
Mas, para alavancar os investimentos na área, o novo dirigente defendeu a necessidade de assegurar orçamento público para a aceleração da faixa 1 do Programa MCMV, que atende famílias com renda de R$ 2.640,00. No caso do saneamento básico, é preciso estimular as Parcerias Público Privadas (PPPs) e as concessões.
Martins disse ao Valor que a entrada de Correia faz parte do processo de renovação da CBIC, negando que gostaria de permanecer no cargo. Segundo fontes, Martins “não costurou” a permanência porque estaria desgastado e ainda enfrentava resistências de algumas entidades da região Nordeste.