Os preços de venda de escritórios comerciais tendem a subir "brandamente" no próximo ano e a ter alta mais expressiva em 2018, na avaliação do presidente da consultoria CBRE, Walter Cardoso. A elevação dos valores dos ativos ocorrerá à medida que os preços de locação voltem a aumentar e os juros caiam.
"No próximo ano, o número de operações será muito maior do que em 2016, quando o primeiro semestre foi perdido", afirma o executivo da CBRE.
Na locação, o aumento começará pelos escritórios triple A, segundo o executivo. Os preços de imóveis padrão A ficarão estáveis, e os dos de classe B ainda estarão pressionados.
Na avaliação de Cardoso, os preços dos imóveis já estão "muito razoáveis" do ponto de vista dos compradores e não haverá novas quedas. "Os vendedores não estão dispostos a fazer loucura", diz. Segundo o executivo, a disposição de venda de escritórios está mais relacionada à estratégia de reciclagem de portfólio do que à necessidade de caixa por parte das empresas.
Na ponta compradora, companhias de propriedades comerciais, gestoras de recursos que investem no setor e fundos de investimento imobiliário (FII) têm interesse pelos ativos.
O executivo ressalta que, no mundo, existe excesso de capital e que o câmbio torna a compra de ativos mais atrativa para investidores estrangeiros.
O reflexo da vacância nos preços atuais de locação de escritórios não é empecilho para o interesse por aquisições, de acordo com Cardoso, devido ao potencial de valorização dos imóveis e ao horizonte de investimentos, em média, de cinco anos.
Segundo o executivo, em 2017, a demanda por escritórios será afetada, de maneira positiva, pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), pelo avanço das reformas propostas pelo governo e pela desaceleração do desemprego, que terão reflexos nos valores de locação e, consequentemente, nos preços de compra e venda. A CBRE trabalha com a perspectiva de expansão de 1% a 2% da economia brasileira.
De acordo com Cardoso, a absorção bruta de áreas de escritórios aumentou, no terceiro trimestre, como consequência da definição política após o impeachment da presidente Dilma Rousseff e do início do discurso de austeridade fiscal do governo do presidente Michel Temer.
Dados da CBRE apontam que, no primeiro trimestre, foram absorvidos 120 mil metros quadrados, na cidade de São Paulo, no segundo trimestre, 156 mil metros quadrados e, no terceiro, 230 mil metros quadrados. A estimativa para o quarto trimestre é de absorção bruta de 186 mil metros quadrados.
Nos últimos anos, a principal razão para a queda de preços dos aluguéis, de acordo com Cardoso, foi o excesso de oferta de escritórios. Isso pesou mais, segundo ele, do que a piora da economia.
A expectativa, conforme o executivo, é que as entregas de novas áreas sejam reduzidas, nos próximos três anos, mas o estoque a ser absorvido ainda é elevado. Os preços de locação e de venda de escritórios vão refletir o aumento da absorção à medida que a ocupação ocorrer.
O executivo diz esperar continuidade do movimento conhecido como "fly to quality", de migração dos inquilinos de áreas de qualidade inferior para prédios melhores e mais eficientes.
Em relação ao segmento de galpões, Cardoso afirmou que as taxas de vacância aumentaram, neste ano, em todos os segmentos. No Estado de São Paulo, a vacância aumentou de 20% para 27%. No raio de 30 quilômetros da capital, a parcela de áreas vagas é menor, de 7%.
"O segmento de galpões tenta ser mais eficiente para dar conta da demanda do varejo", afirma o presidente da consultoria.