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03/03/2016

Cetip rejeita proposta de combinação com a BM&FBovespa;

Com a nova oferta, a BM&FBovespa avaliava a Cetip em R$ 10,8 bilhões.

Paula Selmi 

 

A Cetip rejeitou a nova proposta de fusão da BM&FBovespa enviada em 19 de fevereiro. A empresa responsável pelo registro de operações no chamado mercado de balcão (fora da bolsa) e financiamentos de veículos não informou o motivo da recusa. Segundo comunicado enviado ontem à noite à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Cetip também autorizou seus assessores financeiros e consultores legais a iniciar as discussões sobre a operação proposta. 

No mês passado, a BM&FBovespa havia elevado o valor da proposta de aquisição feita em novembro, de R$ 39 por ação para R$ 41, além de ter atendido a uma demanda da Cetip na primeira oferta, de aumentar de 50% para 75% o percentual que seria pago em dinheiro. 

Com a nova oferta, a BM&FBovespa avaliava a Cetip em R$ 10,8 bilhões. Embora a oferta de R$ 41 por ação fosse inferior aos R$ 45 que os acionistas gostariam de receber, a expectativa entre os analistas era que a Cetip aceitaria a proposta da BM&FBovespa e as duas bolsas combinariam seus negócios. 

Uma grande incógnita nas negociações era que postura a Intercontinental Exchange (ICE), que detém 12% da Cetip e um assento no conselho, adotaria. A ICE teria se empenhado em convencer o conselho a recusar a primeira oferta e agora está às voltas com outro negócio no radar. Na terça-feira, a ICE informou que considera uma oferta pelo London Stock Exchange Group, operadora da Bolsa de Londres, podendo interferir na oferta de US$ 28 bilhões, via troca de ações, feita pela Deutsche Boerse. 

Como Cetip e BM&FBovespa não possuem controle definido, as negociações se dão via conselhos de administração. De acordo com fontes ouvidas pelo Valor em meados de fevereiro, os acionistas da Cetip, em particular os estrangeiros, tinham intenção de aceitar a proposta, enquanto os brasileiros almejavam uma elevação da oferta. 

Para pagar a parcela em dinheiro aos acionistas da Cetip, que somava pouco mais de R$ 8 bilhões, a BM&FBovespa mostrou até disposição para vender ativos e fazer captações com instrumentos de dívida e ações. 

A união com a Cetip é um projeto antigo da bolsa, em particular do presidente da companhia, Edemir Pinto, que nesta semana divulgou carta aberta aos acionistas, defendendo que a integração das atividades reforçaria o modelo de negócio da companhia combinada, na medida em que ampliaria o grau de diversificação de receitas e haveria a oportunidade de desenvolvimento de novos negócios.

FONTE: VALOR ECONôMICO