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13/04/2018

Cimenteiras veem reversão em junho

O setor enfrenta uma profunda retração nas vendas - e nos preços do produto - desde o fim de 2014.

A indústria cimenteira tem expectativa de reverter a rota de queda do consumo no mercado brasileiro na virada do segundo para o terceiro trimestre. O setor enfrenta uma profunda retração nas vendas - e nos preços do produto - desde o fim de 2014.

"Vemos, mês a mês, desde o ano passado, a desaceleração da queda de demanda", disse Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). A entidade reúne as principais fabricantes do produto instaladas no país.

Ele destaca que o primeiro trimestre registrou recuo nas vendas de 3% ante igual período do ano passado, menos da metade do índice de 7,9% ao se comparar o mesmo período de 2017 contra os três primeiros meses de 2016.

"Ao fim de junho, estaremos com um número próximo de zero ou já com algo positivo", afirmou Penna, lembrando que o segundo semestre costuma ser sempre melhor que o primeiro. "Esperamos que os fundamentos de recuperação da economia sejam mantidos ao longo do ano, apesar de sabermos que temos pela frente um processo de eleitoral", observou.

O executivo disse que se observa crescimento nas vendas de outros materiais de construção, como aços longos, a redução dos estoques de imóveis prontos nos bancos, imobiliárias e incorporadoras, recuperação dos depósitos em caderneta de poupança e aumento da massa salarial. "O que persiste de negativo são os humores do empresariado, que ainda não sente confiança suficiente na retomada econômica devido a incertezas no campo político".

Conforme dados do SNIC, em março, o volume comercializado ainda ficou 8,4% abaixo em relação a um ano atrás, com 4,4 milhões de toneladas. No trimestre, as vendas somaram 12,6 milhões de toneladas, um pouco aquém do esperado pelas empresas. "Além de um menor número de dias úteis no trimestre, o forte regime de chuvas em fevereiro e março influenciou bastante o desempenho das vendas, principalmente no Norte e Nordeste", afirmou o executivo.

A expectativa é ainda de fechar o ano com aumento de 1% a 2% no volume de vendas sobre as 53,6, milhões de toneladas de 2017. O desempenho do ano passado registrou retração de 6,7% frente ao volume vendido em 2016.

Com uma queda acumulada de 24,5% no período 2015-2017, a capacidade ociosa do parque industrial cimenteiro do país está na faixa de 47%. São 100 milhões de toneladas de capacidade nominal de produção. "Hoje, temos 13 fábricas paradas, sendo seis delas no Estado de São Paulo, o principal mercado consumidor", informou.

Se crescer 1% a 2%, vai reduzir dois pontos percentuais da ociosidade. "Ainda é muito pouco para reverter a retração dos últimos três anos, mas já será um esforço imenso de sair de quase 7% de recuo para alta de até 2%", avaliou.

Penna lembra que o setor de infraestrutura ainda não mostrou reação, ao contrário, encolheu. No melhor momento do consumo de cimento no país, respondia por 25% do total comercializado. Caiu para 15%, restrito a gastos de municípios e estados. "Projetos novos de infraestrutura não ocorreram nem foram retomados pelo atual governo os que estavam parados".

Edificações (residenciais, comerciais e industriais) hoje somam 85% do total. "O Brasil é ainda muito deficiente em infraestrutura e carrega um déficit habitacional enorme", afirmou. "As esperanças ficam para 2019, com uma gestão pública mais eficiente".

FONTE: VALOR ECONôMICO