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26/09/2016

Citi desencoraja adesão de cotista a OPA de fundo imobiliário

A OPA, marcada para o dia 29, foi lançada pela Capitânia, que detém cerca de 18,5% do WM RB Capital por meio de fundos da casa.

Os mais de 250 cotistas do fundo imobiliário WM RB Capital, alvo da primeira oferta pública de aquisição (OPA), foram desencorajados pelo Citi, gestor da carteira, a aceitar a operação. Em parecer enviado aos investidores no dia 19, o Citi manifesta-se contrário à adesão, ao ressaltar que a "oferta não é conveniente nem oportuna ao interesse dos cotistas".

Entre os argumentos, o banco destaca que o preço oferecido na oferta não condiz com o valor de liquidação dos ativos em carteira do fundo. "Apesar do prêmio ofertado em relação à cotação média do mercado, o indicativo de oferta não é condizente com o valor de liquidação dos ativos. Tanto é assim que o valor patrimonial das cotas em agosto de 2016 (R$ 471,08) foi superior ao preço proposto pelos ofertantes (R$ 390,00)", destaca o Citi, em parecer.

A OPA, marcada para o dia 29, foi lançada pela Capitânia, que detém cerca de 18,5% do WM RB Capital por meio de fundos da casa. A expectativa, segundo disse ao Valor o sócio Caio Conca, é conseguir comprar a totalidade das cotas em circulação no mercado, negociadas com desconto médio no acumulado do ano até julho, acima de 18% em relação ao valor patrimonial, para posterior liquidação.

A Capitânia está de olho nos ativos do fundo, majoritariamente certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) de empresas como FCA (Ferrovia Centro-Atlântica e Vale Operações Ferroviárias), BR Distribuidora, Aliansce e BR Foods. "A Capitânia já vinha comprando cotas do fundo na expectativa de que o mercado reconhecesse a qualidade dos papéis em carteira", disse o gestor, em entrevista recente.

Ennio Moraes, diretor-executivo da Citi Brazil Asset Management, conta que o WM RB Capital, com patrimônio de cerca de R$ 31 milhões, foi criado para tornar mais eficientes os investimentos em CRIs de clientes do banco. Assim, o fundo foi criado com data prevista de encerramento - 12 anos, a partir do lançamento, em junho de 2011. "Se o investidor tiver paciência e permanecer na carteira, ele é quem vai ser beneficiado pela amortização dos ativos", diz.

No parecer, o Citi destaca que a política de investimentos do fundo não foi nem será alterada, e tem como principal objetivo buscar "recebíveis vinculados aos setores econômicos resilientes em termos de ciclo econômico e solidez na estrutura de garantia". E acrescenta que não há no momento nada que indique alteração no fluxo estimado de pagamento dos certificados de recebíveis, assim como entende que as taxas de remuneração são adequadas para o cenário atual.

Os CRIs, que representam pouco mais de 90% da carteira, têm retornos que variam de IPCA mais 5,10% ao ano, no caso do título da FCA, a IPCA mais 7,95% do papel da Aliansce.

Moraes ressalta ainda que o fundo, desde sua constituição, já realizou quatro amortizações (com distribuição dos resultados ao cotista na forma de dividendos), sendo três em 2014 e uma em 2015, no valor total de R$ 612,71, o que explica a redução total de 61,27% no valor da cota inicial de R$ 1 mil.

Essas amortizações foram motivadas, segundo o Citi, por excesso de caixa acumulado pelo fundo em decorrência de liquidação antecipada de CRIs da carteira que resultaram em prêmio adicional aos cotistas, vendas de títulos no mercado secundário feitas em 2013 com ganho e o vencimento de letras de crédito imobiliária (LCIs).

Conforme relatório de julho, se considerada a distribuição de dividendos em relação ao valor patrimonial da cota, o retorno do fundo desde a sua constituição é de 96% do CDI. Na comparação com o CDI líquido - ou seja, se descontada a alíquota de imposto de renda de 15%, já que os dividendos do fundo são isentos de Imposto de Renda para a pessoa física -, a rentabilidade acumulada é de 113%. Somente neste ano, o retorno é de 107% do CDI bruto e de 126% do referencial líquido de IR.

A oferta de aquisição de cotas (OPA) será realizada por meio de leilão, às 15h, do dia 29 de setembro na BM&FBovespa. Para participar do leilão, o cotista tem de se habilitar, até as 18h, do dia 28.

FONTE: VALOR ECONôMICO