Não se pode falar em retomada da construção civil nem em otimismo, mas duas pesquisas divulgadas nos últimos dias – uma da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outra do Instituto Brasileiro de Economia (FGV-Ibre) – reforçam a percepção de que diminuiu o pessimismo dos empresários e de que aumentaram as expectativas positivas para os próximos meses. Já pode estar havendo, segundo os especialistas da CNI, um “certo alívio” no segmento da construção civil neste ano.
A Sondagem Indústria da Construção, da CNI, de dezembro, mostra que o nível de atividade e a propensão a investir são baixos, a utilização da capacidade instalada é de 56% (6 pontos porcentuais abaixo da média histórica) e há insatisfação com o lucro e com a situação financeira. A diferença está nas expectativas, que cresceram na média das 513 empresas ouvidas sobre o nível de atividade, novos empreendimentos, compra de insumos e até o número de empregados.
O índice de expectativas atingiu 47,4 pontos e se aproxima da marca de 50 pontos, que separa os campos positivo e negativo. Como os maiores problemas estão na demanda insatisfatória, na carga tributária, no juro alto e na falta de capital de giro, pode-se supor que inflação e Selic mais baixas permitam infundir ânimo ao setor. O Índice de Confiança da Construção (ICST) da FGV de janeiro reforça o entendimento de que o pior ficou em 2016. Há melhora das expectativas “combinada a uma percepção menos negativa sobre a situação atual”, disse a coordenadora da FGV-Ibre, Ana Maria Castelo. Entre dezembro e janeiro, o ICST passou de 72 pontos para 74,5 pontos, maior nível desde junho de 2015. Em 12 meses, avançou 7,1 pontos, mas, abaixo de 100 pontos, está no campo negativo.
Tênues sinais de melhora também apareceram nos financiamentos de dezembro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), melhor mês de 2016 para o crédito com recursos das cadernetas. Houve indícios de estabilização de preços de imóveis, após dois anos de queda. Mas a recuperação dos mercados da construção e imobiliário tende a ser lenta, pois depende, além de confiança, de mais emprego e renda.