A aposta feita por construtoras e empresas do mercado imobiliário para a retomada das vendas este ano em Niterói vem mostrando fôlego até aqui. Com a construção de 27 novos empreendimentos na cidade, número próximo ao patamar de 2012, considerado o auge do setor, o valor de vendas contabilizado pela imobiliária Spin, a maior de Niterói, responsável por 54% das transações, ultrapassou R$ 673 milhões nos últimos 12 meses: um crescimento de 31% comparado ao período anterior, entre julho de 2020 e junho de 2021 (R$ 513,5 milhões).
Um relatório da imobiliária cedido ao GLOBO-Niterói mostra que, agora, diferentemente de dez anos atrás, quando Charitas era o local preferido para novas construções, as atenções se voltaram para Icaraí, onde há oito novos condomínios em construção. O bairro também foi o lugar onde mais se venderam novas unidades este ano (41), seguido de Santa Rosa (29) e Ingá (19).
O momento econômico, segundo Bruno Serpa Pinto, vice-presidente da Ademi de Niterói e presidente da Spin, está garantindo o apetite dos compradores.
— Hoje tem inflação e há aumento no custo da construção. Esse aumento vai ter que ser repassado. Os valores dos imóveis vão aumentar. A hora de comprar é agora! E quem sabe disso, quem se programou para comprar um imóvel ou quer investir, está aproveitando — analisa.
Construtoras de fora
Diferentemente de 2012, quando os empreendimentos eram quase todos executados por construtoras locais, atualmente grande parte das obras em Niterói são lançamentos de empresas de fora da cidade e até de outros estados. Construtoras como Gafisa, Tegra, Cury, Patrimar e Novolar compraram terrenos e estão com projetos na cidade.
A carioca Gafisa precisou negociar com seis famílias que eram donas de imóveis na esquina das ruas Tavares Macedo e Presidente Backer, em Icaraí, para a construção do condomínio Sense. O local já foi completamente cercado com tapumes. O empreendimento terá 74 apartamentos, distribuídos em nove andares. Uma unidade com 170 metros quadrados e quatro suítes custará em média R$ 3 milhões.
Com a chegada das construtoras de fora, as locais ampliaram os investimentos para se manterem fortes no mercado. A Soter Engenharia tem um banco de terrenos de R$ 1,5 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV). Rodrigo Pecly Moreira, diretor comercial da empresa, diz que ela aproveitou o aquecimento do mercado imobiliário de Niterói e lançou cinco quatro grandes empreendimentos ao longo de 2021 com VGV de mais de R$ 800 milhões. Somente no The Edge Residences, que está sendo construído no antigo terreno do Clube Regatas, na Praia de Icaraí, o valor de vendas deve alcançar R$ 550 milhões, o maior já movimentado por um empreendimento imobiliário na cidade até hoje.
— Sabíamos desde 2019 que esta onda estava chegando e nos preparamos. Daí, veio a pandemia e achamos que estava tudo perdido, mas foi o contrário. A pandemia assustou no início, mas foi melhor depois. Ela impulsionou um movimento nas pessoas de procurarem lugares melhores para morar. A partir de setembro de 2020, cresceu a demanda por moradias acolhedoras e personalizadas — diz Moreira. — Os ciclos são longos. No auge do mercado, em 2012, tínhamos 450 colaboradores. Temos hoje 280, e a expectativa é chegar ao meio do ano que vem com 350.
Perfil do comprador
Para entender o perfil do comprador em Niterói, a imobiliária Spin contratou uma pesquisa do Instituto Gerp. Foram entrevistadas 173 pessoas que compraram ou alugaram imóveis na cidade no mês de janeiro. O levantamento identificou que, de maneira geral, as pessoas na cidade compram imóveis uma a duas vezes ao longo da vida (79%).
Apesar do crescimento das plataformas de comercialização e locação de imóveis on-line nos últimos anos, a pesquisa apurou que a maioria ainda prefere o processo presencial (49%) quando comparado ao uso de aplicativos de negociação remota (29%). Para 22%, tanto faz.
Matéria publicada em 14/08/2022