As principais incorporadoras do País enxergam um movimento de pressão de alta sobre o preço dos imóveis em virtude do aumento nos custos de aquisição de terrenos e de materiais de construção.
O fundador e presidente do conselho de administração da MRV, Rubens Menin, disse que a companhia praticou descontos nas vendas de imóveis no começo da pandemia, mas já vê uma reversão do quadro por conta do custo maior dos insumos e da demanda aquecida.
"Num primeiro momento, fizemos ajuste para baixo no preço, cortando na margem. Mas isso já acabou, porque o mercado está permitindo recuperar a margem", afirmou. Segundo o executivo, há um aumento de custos de terrenos, aço, cimento e até mesmo mão-de-obra.
"O IGP-M surpreendeu. Está muito alto. E a construção está dentro dele", afirmou, referindo-se ao Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M), que acumulou elevação de 14,66% no ano de 2020 e alta de 18,20% em 12 meses.
"Estamos enxergando, talvez, um problema de aumento de custos. E nós somos como montadores. Se o custo das peças aumenta, a gente repassa. Então, se isso continuar, o preço, obrigatoriamente, vai ter que subir, senão as empresas não vão poder trabalhar de forma sustentável", projetou Menin.
A fala foi acompanhada pelo copresidente executivo da Cyrela, Efraim Horn. Ele contou que a companhia deu descontos na casa de 5% a 8% na retomada de lançamentos após o fim da quarentena como forma de testar o mercado. Ao encontrar demanda, os preços voltaram ao nível normal projetado.
"Não vejo pressão de queda (em função da crise). Pelo contrário. Vemos um pouco de pressão no custo dos terrenos e mais pressão no custo da obra. Então vejo pressão para cima no preço dos imóveis", disse.
Horn ainda recomendou aos consumidores que comprem imóveis agora, caso tenham a chance, porque a tendência é de alta nos preços futuros. Como os terrenos são escassos nos grandes centros, eles têm uma tendência natural de subir seguidamente de valor, aumentando o custo de produção e os preços de venda, argumentou.
Na mesma linha, o presidente executivo da Tecnisa, Joseph Nigri, ressaltou que os preços de materiais de construção estão subindo de preço e, portanto, vão encarecer os empreendimentos futuros. "Agora é um bom momento para comprar imóveis. Mais para frente vão ficar mais caros", disse.
No começo da crise, a Tecnisa concedeu descontos aos poucos compradores interessados em fechar negócio na ocasião, mas isso já foi interrompido com o aumento da procura nos meses seguintes, contou.
Os empresários participaram no começo da noite do FII Summit, organizado pelo Infomoney.