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20/04/2020

Com crise, vendas de imóveis desabam em abril

MRV, Direcional e Tenda postergaram parte dos lançamentos que estavam previstos para o 1º trimestre; EZTec suspendeu meta para o ano

A proibição do funcionamento de estandes de vendas, em alguns mercados, e a redução da circulação de pessoas por causa da disseminação do coronavírus se refletiram na diminuição dos lançamentos imobiliários, na segunda quinzena de março, em relação ao que estava previsto, conforme apontam as prévias operacionais já divulgadas. Nas vendas, porém, o impacto começou a ser sentido, de forma relevante, a partir deste mês.

Há expectativa de poucos lançamentos, no segundo trimestre, a maior parte no segmento de baixa renda, no qual a compra se refere, geralmente, ao primeiro imóvel e significa a substituição do aluguel pela prestação.

Em conjunto, Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Helbor, MRV Engenharia, RNI Negócios Imobiliários e Tenda lançaram R$ 3,21 bilhões, de janeiro a março, o que representa queda de 10% em relação ao Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 3,57 bilhões apresentados no mesmo período do ano passado. Se desconsiderados os dois lançamentos do empreendimento Fasano, realizados pela Even no primeiro trimestre de 2019, que distorcem a base de comparação, teria havido crescimento de 8% do VGV lançado pelas oito incorporadoras. As vendas líquidas aumentaram 18,9%, para R$ 4,32 bilhões.

 

Com atuação na baixa renda, MRV, Tenda e Direcional informaram, nas respectivas prévias, terem postergado parte dos lançamentos de projetos devido à mudança do cenário decorrente da pandemia de covid-19. EZTec, cuja principal atuação é no segmento de média e alta renda, optou por retirar de seus lançamentos do primeiro trimestre um projeto de R$ 51,2 milhões, o qual poderá ser reapresentado ao mercado futuramente.

No primeiro trimestre, a companhia fundada por Ernesto Zarzur apresentou R$ 564 milhões ao mercado, o correspondente a 25% do ponto médio da meta que tinha para 2020. Diante da piora do ambiente de negócios, a EZTec cancelou sua projeção de VGV para o ano. “O sonho de compra de um apartamento está em ‘stand-by’ neste momento”, diz Emilio Fugazza, diretor de relações com investidores. Segundo o executivo, as vendas “até têm acontecido”, mas muito abaixo dos números de antes do início da crise.

 

No segmento de baixa renda, a MRV tem feito lançamentos virtuais, e Direcional fez sua primeira apresentação de projetos, nesse modelo, no fim de semana. A EZTec ainda não decidiu se seguirá esse caminho. “Estamos avaliando a possibilidade de fazer o fomento pela internet acontecer, com motivação de corretores e clientes”, diz Fugazza. Na avaliação do executivo, após o fim da quarentena do Estado de São Paulo, previsto para 10 de maio, haverá retomada paulatina do setor.

 

Levantamento do Secovi-SP aponta que o mercado de imóveis primários (unidades novas) foi mais impactado pela crise atual do que o secundário (usados) na comparação com procura, agendamento de visitas, propostas e fechamento de negócios.

Pesquisa realizada pelo Secovi-SP, há quatro semanas, no mercado paulista de imóveis novos e usados, aponta que o maior reflexo da crise se deu na primeira delas, quando começou a vigorar a quarentena decretada pelo governo de São Paulo. Na primeira semana, 92% das empresas participantes disseram que houve queda do número de clientes que procuraram imóveis. Na segunda, o percentual foi de 64%; na terceira, de 58%, e, na quarta, de 50%.

 

A fatia de empresas que informou redução do número de propostas recebidas foi de 96%, na primeira semana; de 74%, na segunda; de 54%, na terceira, e de 46%, na quarta. “Pessoas que, lá atrás, estavam na jornada de aquisição do imóvel resolveram voltar”, diz o vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi-SP, Claudio Hermolin.

Em relação a vendas efetivas, 95% das participantes disseram, na primeira semana, ter registrado queda. Na segunda semana, o percentual foi de 85% e, na terceira, 70%. Na quarta semana, 50% das empresas informaram redução de vendas, enquanto 27% perceberam aumento da comercialização ante a anterior. O levantamento apontou também crescimento da parcela de empresas realizando negócios pelo meio digital.

FONTE: VALOR ECONôMICO