A incorporadora PDG vai entrar com pedido de recuperação judicial em janeiro, apurou o ‘Estado’ com duas fontes a par do assunto. Com dívida total estimada em cerca de R$ 7,5 bilhões, a necessidade do pedido de proteção da Justiça contra credores ficou mais evidente depois de a companhia informar ao mercado, na noite de terça-feira, que não vai pagar juros relativos a debêntures (títulos de dívida) emitidas.
“É um caso emblemático do setor. A empresa já foi uma estrela do segmento e essa decisão pode ter repercussão sobre outras companhias que estão em situação financeira delicada”, disse uma fonte ao Estado. Embora a empresa não seja a primeira construtora a pedir proteção judicial – essa distinção é da Viver –, seu porte e influência no segmento são bem menores do que os da PDG.
De janeiro a setembro, a construtora teve prejuízo de R$ 2,89 bilhões, alta de 259% em relação ao mesmo período do ano anterior. A companhia reportou dívida bruta de R$ 5,4 bilhões no período. A PDG encerrou o terceiro trimestre com R$ 250 milhões em caixa e R$ 490 milhões de dívidas corporativas que vencem em 2017, segundo documento divulgado em setembro.
Trajetória. A PDG emergiu como potência imobiliária na década passada, após fazer importantes aquisições. A companhia abriu o capital em 2007. Três anos depois, deu seu maior passo – a compra da Agra, então comandada pelo investidor espanhol Enrique Bañuelos, garantindo a liderança do setor.
Em 2012, no entanto, o negócio já enfrentava dificuldades. Apesar disso, atraiu investimento da Vinci Partners, que fez uma capitalização no negócio de R$ 483 milhões, em 2015. As mudanças de estratégia e os novos investimentos, no entanto, não surtiram o efeito esperado. A PDG vem se esforçando para vender seus estoques e fez cortes profundos na operação – só em 2015, o total de funcionários foi reduzido em 60%, para 1.175.
Nos últimos meses, a companhia passou a estudar várias alternativas para sair da crise. Em novembro, a PDG anunciou a contratação da assessoria de reestruturação financeira RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, conhecido como Ricardo K. Também mudou de comando: o executivo Vladimir Ranevsky assumiu a empresa, após ter liderar a OSX, de Eike Batista, durante o processo de recuperação judicial.
Procurados, PDG e RK Partners não retornaram os pedidos de entrevistas.