O retorno dos R$ 845,5 bilhões nas cadernetas deve cair abaixo de 3% ao ano, perdendo inclusive da inflação. O setor da construção poderia sofrer os efeitos de uma eventual debandada de recursos porque o dinheiro na poupança é parte relevante do financiamento imobiliário. Mas as construtoras estão confiantes. José Carlos Martins, da Câmara da Indústria da Construção (CBIC), acredita que a redução nos juros é o início de uma “revolução” no setor.
Um exemplo disso é o financiamento da Caixa corrigido pela IPCA, lançado há alguns meses. Martins explica que o investidor no Brasil se interessa mais por produtos corrigidos pela inflação. O banco poderia assim empacotar os créditos desses contratos e oferecer no mercado. Esse dinheiro seria destinado a novos financiamentos de imóveis. Com os juros baixos, o setor ficará menos dependente da poupança. Outras fontes de recursos de longo prazo surgirão. Essa é a aposta.
O BC divulga no início desta noite o resultado da reunião do Copom sobre os juros. Em 2019, com o recuo da Selic, a remuneração da poupança ficou praticamente empatada com a inflação. Sem ganho real, o saldo nas cadernetas cresceu menos, R$ 13,3 bilhões, e fechou 2019 em R$ 845,5 bi. Em 2018, o montante havia crescido mais que o dobro (R$ 32,2 bi).