A inadimplência sob controle e o cenário de menor risco com a retomada da economia abriram espaço para que os maiores bancos privados do país diminuíssem suas reservas contra calotes de clientes e melhorassem seus resultados no primeiro trimestre.
Essa provisão menor contra os chamados créditos de liquidação duvidosa —os calotes, na prática— foi vista nos balanços do Itaú Unibanco, do Bradesco e do Santander.
Situação dos bancos - A maior queda em relação ao quarto trimestre, comparação que reflete melhor a trajetória dessas provisões, se deu no Bradesco, com recuo de 12%, para R$ 4,86 bilhões. No Santander, as despesas caíram 9,9%, a R$ 3,05 bilhões. E no Itaú tiveram queda de 7,4%, a R$ 5,39 bilhões.
A reserva menor resultou de uma melhora na classificação de risco dos clientes do bancos e também da opção das instituições por aumentar as concessões de linhas com mais garantias, como crédito consignado e imobiliário, diz Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores.
"O efeito de reclassificação visto mais no ano passado e o vencimento de crédito que faz os empréstimos mais arriscados saírem da carteira devem fazer o bancos precisarem de menos provisões para os novos créditos", diz.
Conservadores - O prolongamento da recessão levou as instituições a adotar provisões mais conservadoras no ano passado, com o temor de que uma explosão da inadimplência no país atingisse suas atividades. Essa cautela maior impactou os balanços dos últimos trimestres.
A reversão desse cenário deve ter levar a resultados melhores nos próximos meses, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating. "Os bancos fizeram provisões acima do que era exigido e criaram um colchão. Se isso não se materializa, se o que estavam esperando não acontece, a provisão tende a diminuir."
Em nota, o Itaú Unibanco disse que fez movimentos para aumentar provisões de algumas exposições, em linha com o cenário econômico.
"Em 2017, vamos provavelmente assistir a uma redução no volume de provisões a serem feitas, pois já fizemos bom volume de provisões com caráter antecipatório e também porque esperamos ter menores perdas de crédito à frente", afirmou o banco.
O Bradesco, na divulgação do resultado, indicou que suas provisões estavam altas e que a retomada da economia faria essas reservas se normalizarem. A taxa de inadimplência do Bradesco aumentou no primeiro trimestre por causa de uma grande empresa, que não foi identificada.
Já Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, disse ao divulgar os resultados do banco que a queda na provisão era fruto da gestão de risco iniciada em 2015 e do reconhecimento de prejuízos associados a uma grande empresa, que não foi identificada.
A expectativa dos analistas é que a retomada da economia ajude a conter ainda mais a inadimplência e exija reservas menores dos bancos. "A gente espera que, para 2017, não tenha a fase dura de 2016 e 2015, quando havia muita recuperação judicial e grandes empresas quebrando", afirma Santacreu.