Muita oferta, baixa procura e a expectativa de aquecimento do mercado imobiliário. A equação desses fatores faz com que os valores dos imóveis reduzam e que a hora de investir seja agora. "Para quem quer comprar imóveis é o melhor momento. Os imóveis chegaram ao menor valor, agora só vai subir", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin Junior.
Ele afirma haver uma demanda reprimida e acredita que a melhora efetiva no setor no Estado, tendo como base Porto Alegre, se dará entre março e abril de 2020. "Em todo esse período de crise, a necessidade de moradia não parou. As compras sim. Há uma expectativa que muita coisa boa vá acontecer", afirma. Dal Molin diz que percebe uma retomada de compra de terrenos por parte de construtoras e adaptações em projetos que estavam parados, passando a atender a essa demanda.
"Em São Paulo já há um aquecimento. Demora um pouco para chegar aqui", explica. Ele cita que investidores externos aguardam a consolidação da reforma da Previdência e a realização da reforma tributária. No caso específico da capital gaúcha, o presidente do sindicato lembra que quase 30% da população é constituída de servidores públicos das esferas federal, estadual e municipal e que, no caso das duas últimas categorias, os funcionários vêm recebendo salários parcelados, prejudicando essa faixa de consumidores em potencial.
Faturamento da indústria de materiais também aumenta - A leve melhora também é mostrada no aumento do faturamento na indústria de materiais de construção. Conforme dados de agosto da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), houve crescimento de 3,1% em julho, comparado ao mesmo mês de 2018. Comparado a junho, o aumento foi de 6,1%. Divulgado no início deste mês pelo Sinduscon-RS, o Custo Unitário Básico por metro quadrado de construção (CUB/m²) do mês de agosto apresentou um aumento no custo dos insumos entre 2% e 3%, muito influenciado pela procura. No entanto, o presidente da entidade acredita que o valor não seja significativo para o comprador de novos imóveis.
Recorde em empréstimos para o setor no mês de julho - Os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), os financiamentos tradicionais, atingiram R$ 6,7 bilhões em julho. O número mostra uma alta de 10,5% em relação ao mês anterior e de 36% no comparativo com o mesmo mês do ano passado. Foi o maior montante mensal de empréstimos em 2019, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no último levantamento apresentado no final de agosto.
Nos primeiros sete meses de 2019, foram aplicados R$ 40,4 bilhões na aquisição e construção de imóveis com esse tipo de recurso, uma elevação de 33,8% em relação ao mesmo período de 2018. "O mercado está crescendo. E, mais importante, acelerando. Viemos de um período de recessão duríssimo e isso pegou muito forte no setor de construção", afirmou em entrevista coletiva em julho o presidente da Abecip, Gilberto Duarte de Abreu Filho. Na oportunidade, ele salientou que a taxa de juros e a inflação controladas favorecem o financiamento. "Há anúncios de novos produtos, concorrência entre instituições e o mercado está esquentando. Falta o consumidor ganhar mais confiança e sentir que tem mais dinheiro no bolso e estabilidade", afirmou.
Nova modalidade de financiamento - Em agosto, a Caixa Econômica Federal apresentou o Crédito Imobiliário com Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), nova modalidade de financiamento. Nela, o principal índice na medição da inflação fica atrelado aos juros do parcelamento. "Vai baixar a prestação entre 30% e 40%. Muita gente que não podia comprar imóveis agora vai poder", diz o presidente do Sinduscon-RS, ao falar de valores iniciais investidos pelo comprador.
Neste novo modelo, as taxas partem de 2,95% IPCA (para funcionários públicos) chegando a 4,95% IPCA, dependendo do relacionamento com a Caixa. A principal vantagem é que as prestações iniciais são bem mais baixas que no modelo tradicional, em que, na média, os primeiros pagamentos são 11 vezes superiores às últimas parcelas. No entanto, a Caixa enfatiza que oscilações do indexador atualizarão o saldo devedor do contrato mensalmente e existe o risco de aumento do valor da prestação, conforme a variação da inflação embora a taxa de juros reduzida. Ou seja, se a inflação disparar, a prestação dispara junto.
Em agosto, o IPCA teve uma variação de 0,11%, apresentando uma desaceleração em relação a julho, quando foi de 0,19%. O acumulado de janeiro a agosto é de 2,54%, dentro do limite da meta.
Crescimento de 11% na Região Sul - Conforme números da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nos três estados da Região Sul, foram vendidos 7.595 imóveis no primeiro semestre de do ano, contra 6.830 do mesmo período de 2018, pouco mais de 11% de crescimento. No País, no mesmo recorte, foram 59.521 contra 53.090,cerca de 12%.
Último setor a ter retomada - Para o diretor comercial da Construtora Cisplan, de Novo Hamburgo, Celso Albano Franzen, há hoje duas circunstâncias que impedem o pessoa de fechar um negócio imobiliário. "São duas circunstâncias que aparecem como complicadores. Uma é que o consumidor final está sem dinheiro ou emprego, a outra que há uma rigidez da Caixa na liberação de crédito para o trabalhador informal", explica.
Hoje com negócios focados em clientes da faixa três do programa Minha Casa Minha Vida, aqueles com renda familiar acima de R$ 4 mil, ele vê o ano ainda fraco no setor. "Ainda está fraco. Dos clientes, 98% depende do financiamento. A nova modalidade (com cálculo do IPCA) pode ajudar, mas vejo que se destina mais a quem tem uma renda mais alta", avalia.
Com expectativa pelo crescimento do mercado com a manutenção da estabilidade da inflação e das taxas, o empresário acredita que o aquecimento já sentido no Sudeste chegará ao Estado. "A construção civil é sempre o primeiro segmento a sentir a recessão e o último a apresentar uma retomada", enfatiza.
Setor gerou mais vagas - Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados no País, em julho, 43.820 empregos com carteira assinada. Demonstrando o início da retomada da construção civil, o levantamento aponta o setor como o que mais criou oportunidades naquele mês. Foram ofertadas 18.721. Para se ter uma noção da marca, o segundo setor que mais abriu vagas no País no mesmo mês foi o de serviços, com 8.948, menos da metade das possibilidades de emprego na construção.
Crescimento de 11% na Região Sul - Conforme números da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nos três Estados da Região Sul foram vendidos 7.595 imóveis no primeiro semestre do ano, contra 6.830 no mesmo período do ano passado, gerando pouco mais de 11% de crescimento. No País, no mesmo recorte, foram 59.521 contra 53.090, alta de cerca de 12%.