Disputa por herança, inventários longos, imbróglio judicial são algumas das razões que levam alguns imóveis a ficaram desabitados e em degradação. Uma vez solucionado o problema, dependendo da situação, uma boa alternativa é colocá-lo à venda. E para quem compra, é uma boa oportunidade?
Segundo Nathan Varda, chefe da Propdo, proptech israelense especialista em análise de preços de propriedades e especializada no mercado brasileiro, depende de alguns fatores que devem ser considerados pelo investidor. “Para o comprador, é possível negociar o valor para que fique abaixo do preço do mercado, o que pode, muitas vezes, representar um investimento assertivo”, afirma.
Dados do Plano Municipal de Habitação indicam que a cidade de São Paulo possui quase 1.400 imóveis ociosos, abandonados ou subutilizados em terrenos vazios. Para Varda, “entrar nesse mercado requer atenção, a fim de se fazer um negócio atrativo, seja na hora de comprar ou vender”, alerta.
Segundo o especialista, o trabalho de avaliar um imóvel abandonado difere de uma casa comum, pois é necessário levar em conta o período de abandono, se foi ou ainda é local de moradia indevida, custos de reforma e se é possível ainda morar no local.
Varda explica que há fatores a serem considerados antes de tomar a decisão pela aquisição, além do valor do imóvel. “Avaliar se a casa possui pessoas morando indevidamente nela, se é a única casa abandonada na região e qual o índice de criminalidade nas proximidades são apenas algumas das questões”, aponta.
O especialista ressalta, ainda, que “a invasão é um grande risco para qualquer comprador, por isso, poucos profissionais e investidores lidam com esse tipo de negócio”, afirma. “É um problema que pode reduzir em mais de 50% o valor do imóvel”.
Outro fator a ser considerado, de acordo com ele, é que imóveis abandonados podem afetar os preços de outras propriedades, mas existe uma variação entre os bairros. “Em São Paulo, em algumas localidades no centro da cidade, é comum essas propriedades afetarem os preços dos imóveis próximos”, aponta. “Em outras áreas, como Higienópolis, não percebemos o mesmo impacto. Isso varia bastante de região para região, mas é um fator que deve ser levado em consideração na hora de se investir em propriedades vizinhas”, completa Varda.
Matéria publicada em 27/12/2022