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25/06/2024

Confiança do consumidor tem maior alta em quase um ano com bom humor na baixa renda, diz FGV (Valor Econômico)

Economista responsável pelo indicador disse que a continuidade de mercado de trabalho favorável foi um dos aspectos que mais contribuíram para o bom humor das famílias de menor

Após cair 4 pontos em maio, a alta de 1,9 ponto no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em junho, para 91,1 pontos, foi a mais forte desde julho de 2023 (2,3 pontos), impulsionada por humor favorável entre famílias de menor renda, disse a economista Anna Carolina Gouveia, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo indicador.

 

Na passagem de maio para junho, o destaque foi o aumento de confiança entre famílias de menor poder aquisitivo, informou ainda a especialista. Nas quatro faixas de renda usadas para cálculo do ICC, as mais expressivas elevações foram observadas em consumidores com renda até R$ 2.100 mensais, com alta de 4,2 pontos; e com renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00, com aumento de 4 pontos.

Em contrapartida, foi registrado recuo de 0,7 ponto na faixa de renda mensal entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00; e alta de apenas 0,3 ponto na faixa acima de R$ 9.600,01 mensais, no mesmo período comparativo.

 

Um dos aspectos que mais contribuíram para o bom humor das famílias de menor renda, em junho – e, com isso, a alavancar a alta do ICC no mês – foi a continuidade de mercado de trabalho favorável, admitiu ela. Isso porque boas notícias em emprego e renda elevam renda disponível para consumo.

 

A técnica pontuou ainda que o desempenho do mês de junho foi “ajustado” após queda intensa em maio, no ICC. “No mês passado, tivemos impacto muito forte na confiança do consumidor devido à crise no Rio Grande do Sul”, disse, ao lembrar o desastre das enchentes no Estado gaúcho.

 

“É importante lembrar que, antes de maio, que foi fortemente influenciado pelo que ocorreu no Sul, tivemos altas na confiança do consumidor em março e em abril [respectivamente de 1,6 ponto e de 1,9 ponto]”, disse. No entendimento dela, a confiança do consumidor já dava sinais de trajetória favorável, até maio.

“A meu ver, é que a confiança do consumidor vem melhorando muito influenciada por mercado de trabalho, que continua bom”, disse. “Temos melhor formalização de emprego e controle da inflação, ela está minimamente controlada”, notou. “E também tivemos recente queda de nível de inadimplência e de endividamento”, disse, lembrando que os patamares desses dois indicares continuam elevados.

 

Ao ser questionada se o ICC pode continuar a subir, tendo em vista que o emprego permanece com sinais favoráveis, a a especialista foi cautelosa. “É difícil afirmar com certeza se vai continuar a subir. Podemos dizer que [vai subir] na medida em que a situação financeira das famílias melhore, elas ainda estão muito endividadas.”

FONTE: VALOR ECONôMICO