Em 2015, a indústria de material de construção terá uma queda no faturamento estimada em 12%. As vendas para as lojas de materiais caíram 8% decorrentes da redução da renda das famílias, do aumento do desemprego e das dificuldades na obtenção de crédito, agravado por juros mais altos. O que representa mais da metade do faturamento da indústria de materiais.
Também caíram (14%) as vendas às construtoras. Com a recessão, empresários postergaram decisões de grandes investimentos. Famílias preferem aguardar para adquirir novos apartamentos e até para realizar em reformas.
A causa do adiamento dos investimentos é a incerteza sobre os rumos da economia, agravadas por dificuldades de financiamento imobiliário e crise da Lava Jato.
Ao lado da perda de volume vendido, a indústria também teve seus preços aumentados em 6%, bem abaixo da inflação geral, enquanto seus custos evoluíram a taxas bem maiores, agravados pelos aumentos de energia, combustível, gás, serviços e outros.
O desafio do setor para 2016 é retomar a demanda em todos os mercados. É preciso avançar com o MCMV com novas fontes de financiamento e evoluir com obras de infraestrutura. Também é necessário regularizar o fluxo de financiamento imobiliário e, fundamentalmente, encerrar o ajuste econômico em tramitação no Congresso e restaurar uma agenda de crescimento.
A cadeia da construção vai perder mais de 600 mil empregos formais em 2015 e só um novo ciclo de crescimento evitará maciças demissões em 2016. Além disso, o déficit habitacional e de infraestrutura permanecem. As moradias continuam a necessitar de reformas, sejam de manutenção, de modernização ou de eficiência. Portanto, o problema do setor não é de demanda reprimida, mas de uma crise de confiança que precisa ser revertida para que as vendas voltem à normalidade.