A crise econômica dos últimos anos provocou um aumento expressivo do estoque de bens retomados pelos bancos em garantia de empréstimos inadimplentes. Somente no ano passado, as cinco maiores instituições financeiras do Brasil acumularam R$ 16,8 bilhões em imóveis, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior. Para se livrar desse estoque, que nada tem a ver com seu negócio, um dos meios mais comuns são os leilões.
Nesses leilões, os descontos para compra de imóveis podem chegar a 70% em relação ao seu valor de mercado. Mas, assim como no mundo dos investimentos, a aparente barganha exige cuidados e atenção aos detalhes.
A modalidade é considerada complexa, apesar dos mecanismos para torná-la cada vez mais transparente. Desde 2015, quando houve mudanças na legislação de Processo Civil, os leiloeiros têm de informar sobre as dívidas e o estado legal do imóvel no edital do leilão. Esse documento deve trazer todas as informações sobre a compra e a venda.
A advogada especialista em direito imobiliário Paula Farias afirma que o leilão pode ser uma ótima oportunidade para o investidor. Mas não é tão indicado para famílias que querem realizar o sonho da casa própria e têm pressa para morar.
Há um risco muito grande de o leilão ser anulado e a família que se preparou por muito tempo ficar sem dinheiro e sem imóvel, alerta a advogada. Segunda ela, há vários casos em que os leilões são indevidos e podem ser anulados por brechas jurídicas. Até que haja uma definição na Justiça, o dinheiro pago pela propriedade fica em poder do banco. E a correção, diz Paula, é irrisória, menor que o rendimento de poupança.
Já para um investidor, um desconto de 40% do valor de mercado pode aumentar a rentabilidade de um possível aluguel deste imóvel. Também pode ser interessante para quem deseja revendê-lo. O investidor compra pela metade do preço, resolve as pendências e coloca de volta à venda pelo valor cheio. Também com os imóveis de leilão, tudo tem que ir para a ponta do lápis. Pode acontecer de o desconto não compensar.