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20/06/2023

Conjuntura de juros e custos altos reforça lançamentos no médio e alto padrões (Estado de S.Paulo)

Estratégia passa também pela redução da metragem das unidades em projetos com facilidades e uma boa localização

Em 2022, empresas do setor reforçaram suas apostas em produtos dirigidos ao público de média e alta renda. A One Incorporadora, sétima colocada no ranking do Top Imobiliário, lançou 12 empreendimentos no ano passado, que prevêem a entrega de 3.055 apartamentos com 140,84 mil metros quadrados de área construída e valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 1,20 bilhão.

 

Vice-presidente da empresa, Paulo Petrin credita o crescimento à estratégia de reposicionamento da marca, oferecendo unidades compactas para o público de média e alta renda. Segundo ele, os custos de construção permaneceram elevados. “Optamos por unidades compactas, de 25 m² a 45 m², mas privilegiando bairros como Pinheiros, que passou por muita transformação nos últimos anos, tanto de serviços quanto de infraestrutura”, diz.

 

Ele aponta o Nex One Teodoro como um exemplo de que a aposta deu certo. Localizado na rua de mesmo nome, tem opções de apartamentos de um ou dois dormitórios, variando entre 25 m² e 40 m², distribuídos em um terreno de 4 mil m². A empresa vendeu as 400 unidades da primeira fase em 40 dias. Piscina, coworking e lavanderia são algumas das comodidades previstas.

 

Essas mesmas características são encontradas no Nex One Liberdade. Localizado no miolo do bairro, vendeu 300 unidades em 30 dias. “Foi realmente uma surpresa”, diz Petrin, referindo-se ao desempenho do projeto.

Os resultado obtidos pela empresa foram puxados pela Innova Negócios Imobiliários, a house da One, que alcançou a décima posição no ranking de Vendedoras do Top Imobiliário. Marcello Abbud, sócio da empresa, ressalta o papel do time de comercialização.

 

“Além do produto que vendemos o que fez esse crescimento é a captação da equipe de vendas, cada vez mais voltada para o mundo digital. E hoje podemos afirmar que a nossa força de vendas está entre as melhores do mercado”, diz.

CEO da One, Milton Goldfarb diz que 2023 começou desafiador. “Mas a expectativa de redução dos juros no segundo semestre deve ajudar a construção civil”, afirma. Ele cita ainda a revisão do plano diretor de São Paulo como outro facilitador para o desempenho desse mercado.

 

A One, porém, vai manter a aposta dos apartamentos compactos para públicos de rendas média e alta. “É uma tendência, especialmente na região de Pinheiros, com o público jovem buscando opções para morar próximo ao eixo de trabalho, mas sem deixar de lado o lazer e as facilidades que a infraestrutura do bairro oferece”, afirma Petrin.

 

P4

A P4 Engenharia figura na sétima colocação no ranking das construtoras do Top Imobiliário deste ano. No ano passado, lançou 18 empreendimentos com o total de 4.516 unidades, que somam 378,5 mil metros quadrados de área construída e (VGV) estimado em R$ 2,07 bilhões.

 

“Tivemos aumento acima de 35% no volume de obras no ano passado em relação a 2021″, afirma Gustavo Zanforlin, fundador e vice-presidente de Novos Negócios. Segundo ele, o aumento no volume dos lançamentos das incorporadoras parceiras contribuiu para esse resultado.

 

No ano passado, ao contrário de anos anteriores, foram os produtos de médio e alto padrão que tiveram a maior demanda. “Isso ocorreu pela inviabilidade de custos de produção dos empreendimentos mais econômicos”, afirma o executivo. Também ajuda o fato de os clientes desse perfil serem mais resilientes à inflação e juros elevados.

 

Kallas

 

A Kallas, que ficou na nona posição entre as construtoras no Top Imobiliário, desde o ano passado mantém o foco nos projetos de padrão econômico, mas também tem empreendimentos de médio padrão, com metragem média de 80 m² podendo, em poucos casos, chegar a 120 m².

 

“O maior problema que enfrentamos hoje é renda da população. Com a inflação alta e os juros idem, a renda está comprometida e sobra pouco para investir em imóvel. Além disso, pela situação macroeconômica, o custo da construção está elevado. Então, optar por imóveis menores, mas oferecendo infraestrutura, é uma forma de atender essa população”, diz Raphael Esper Kallas, CEO da empresa, que reúne as marcas Kallas e Kazzas, do segmento econômico.

 

Um exemplo é o empreendimento Arena Kallas Itaquera, com unidades de tamanho que variam 35 m² e 40 m² foi pensado para atender a faixa três do programa Minha Casa Minha Vida. Com apelo de sustentabilidade, como aproveitamento da água de chuva, carregadores para bicicletas elétricas e até horta comunitária, já vendeu 90% dos 800 apartamentos oferecidos pela empresa. O conjunto terá um total de 2,6 mil unidades.

 

 

“Desde 2021, nossa meta é manter o VGVL entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. E neste ano não será diferente, vamos lançar 12 empreendimentos, um aumento de 20% em relação ao ano passado. Esse é o volume que nos mantém confortáveis sem precisar aumentar o staff ou o nível de capitalização”, diz Kallas.

 

FONTE: ESTADO DE S.PAULO