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31/01/2022

Construção civil segue firme em 2022

Apesar da pandemia, setor cresceu 2,7% no segundo trimestre de 2021 e perspectiva para este ano é de manter a alta

Apesar dos momentos mais críticos da pandemia da Covid-19, os setores da construção civil e mercado imobiliário conseguiram se manter no Brasil. Segundo os resultados do Produto Interno Bruto (PIB), a construção cresceu 2,7% no segundo trimestre de 2021, mesmo com a economia nacional se mantendo em relativa estabilidade. Com o setor em bom desempenho, a expectativa é de que o ano de 2022 possa manter a alta, para recuperar tempo perdido com obras represadas. Como prova da boa expectativa está o positivo desempenho do mercado imobiliário residencial, que teve um papel fundamental para a manutenção do setor de construção civil nos últimos anos. De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), as vendas de imóveis tiveram um aumento de 26,1% em 2020 e, no segundo trimestre do ano passado a alta foi de 72,1% na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. Outro fator que comprova o bom desempenho dos setores da construção e imobiliário no ano de 2021 e esperança para um bom 2022, são os financiamentos imobiliários. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os financiamentos chegaram à marca de R$ 255 bilhões em 2021. Para o Estado de Pernambuco, o segmento da construção considera que o ano será desafiador, mas com perspectivas de manutenção do crescimento.

“Temos ciência de que será um ano difícil, mas acreditamos que seja pelo menos igual a 2021. Esperamos um ano com crescimento, pequeno para o que a gente deseja, mas em função da pandemia acreditamos que a gente consiga crescer o PIB da Construção em cerca de 1% em Pernambuco. Com o Capag B do governo do Estado conseguindo recursos para investimento esperamos que isso possa ajudar na contratação de novas obras públicas”, avaliou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco, Érico Furtado.

Segundo o gestor comercial da MRV em Pernambuco, Rafael Mello, o ano de 2022 irá direcionar uma atuação forte na região Nordeste, já que esse é um mercado em potencial, apesar do aumento de 20% nos custos e da crescente taxa de juros.

“Temos uma previsão de lançar cerca de 10 mil unidades habitacionais no primeiro semestre deste ano no Nordeste, que é a segunda maior região em déficit habitacional, com 30%, perdendo para o Sudeste. Em 2021 a população nordestina foi a que mais procurou a compra da casa própria. Para Pernambuco, a MRV vai lançar em torno de 1,2 mil unidades no ano, com um VGV de investimento de R$ 210 milhões”, disse.

Outra aposta que a MRV vem adotando para atrair os consumidores, é na reforma de ambientes externos ao empreendimento, para oferecer uma melhor infraestrutura aos moradores.

“Vamos entrar com um investimento de melhorias e infraestrutura no Nordeste na ordem de R$ 26 milhões. No bairro de Candeias, por exemplo, tem 4 produtos da construtora e todos eles geraram um investimento de R$ 10 milhões no bairro, dando uma mobilidade na região”, declarou Rafael.

Outra empresa que projeta um ano de 2022 como um período melhor que 2021 é a Mil Instalações, que atua no segmento de instalações elétricas, projetos e manutenção. Segundo o sócio da empresa, Robson Lemos, os recursos tecnológicos adotados contribuem para que a qualidade alta do serviço garanta novos clientes.

“Para garantirmos a nossa política de qualidade com um elevado padrão de atendimento se faz necessário termos ferramental, instrumental e materiais adequados com atualização tecnológica constante. O nosso caminho é para buscar conhecimento e atualização contando também com profissionais treinados, especializados e qualificados para a análise técnica, elaboração de projetos e execução dos serviços”, afirmou Robson.

De acordo com Robson, com o mercado mais estável, as empresas de modo geral podem contribuir para um melhor desenvolvimento econômico. “Contribuímos com a contratação de funcionários, oferecendo qualidade de vida, segurança e treinamentos, indicando a forma correta de executar as atividades nas obras. Buscamos cada vez mais executar serviços de qualidade com a garantia de bom funcionamento das instalações”, explicou o sócio da Mil.

Em busca de novas tendências

Já na Moura Dubeux, o ano de 2022 servirá para que a empresa aposte em novas tendências. Segundo o CEO Diego Villar, entre as principais obras da empresa no ano será a construção de imóveis no litoral.

“Para este ano, nas principais capitais existe um desejo das pessoas em ter um imóvel fora da cidade, uma segunda residência. Percebemos isso, e procuramos colocar o que tem de melhor, para se inserir neste segmento, que tem uma demanda significativa, concentrados no litoral, como o litoral sul pernambucano e o norte de Alagoas, por exemplo”, destacou.

Diego conta ainda que a expectativa é que este ano deva ser possível atender a 7 das 9 capitais do Nordeste. “A estratégia é seguir crescendo, se consolidar na região. Vamos oferecer imóveis em João Pessoa na Paraíba e em Aracaju, em Sergipe”, ressaltou.  

Tecnologia e inovações como aposta

Entre os recursos que vão permitir que o ano de 2022 tenha um bom desempenho, está o uso de tecnologia. Uma das empresas que espera um ano positivo é a Vale do Ave, que deverá ter a adição de mais lançamentos.

“Foram dois anos difíceis por conta da pandemia e acreditamos que a vacinação vai fazer com que se tenha uma confiança maior na economia. Deveremos ter incremento de novos lançamentos, e devemos lançar 3 somente este ano, enquanto ano passado foi apenas um", comentou Zeferino Costa, diretor técnico da Vale do Ave.

A empresa está apostando em uma ferramenta tecnológica de esquadrilhas importadas para valorizar os novos empreendimentos. “Estamos procurando sempre melhorias e investir em tecnologia de construção, para suprir a expectativa. Estamos usando uma esquadrilha com tecnologia da Shuco em uma obra que será lançada este ano. Isso dá um diferencial muito grande de qualidade, assim como sistemas novos de fachadas, entre outros”, acrescentou.

Já o Grupo Referencial, vem apostando em espaços de gentilezas urbanas nos tapumes das obras. Para o diretor técnico Eugênio Barros, o ano será marcado por lançamentos e o recurso permite que a obra se integre ao bairro em que está sendo feita, afim de gerar menos transtornos.

“Apesar da alta de juros, estamos otimistas, lançando já um novo empreendimento. A construção não deixa de ser um desconforto, e o tapume assim é uma gentileza, mostra o propósito da construtora e é uma forma de se integrar à região. Esse equipamento tem uma série de pontos para a comunidade fazer uso, como a recarga de carros elétricos, horta comunitária”, disse.

A tendência adotada pelo Grupo Referencial em seus tapumes conta ainda com espaço para Pets, bicicletário, pontos de coleta seletiva, pontos de recarga de celular, bebedouro, além de outros benefícios.

Oportunidade para crescimento

Com a alta expectativa para o ano, algumas empresas buscam novos locais de atuação. Esse é o caso da ACLF Empreendimentos, que vai buscar atuação direta na cidade do Recife, devido ao ano positivo em 2021.

“Temos lançamentos previstos para esse ano e pretendemos chegar à Recife com uma proposta arrojada, sendo algo inédito na região. A gente vem tendo uma alta procura, observamos muitos casais procurando uma nova moradia, e como trabalhamos com um preço competitivo, nossa procura tem sido boa. A gente tem uma expectativa positiva, com um mercado bem aquecido”, contou a diretora comercial da ACLF, Letícia Loureiro.

Comprar é melhor que alugar 

Já um dos grandes vilões da inflação durante a pandemia, foi o aluguel de imóveis. Porém, o valor dos aluguéis pode ficar ainda mais barato no início de 2022. Isso porque, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), utilizado para calcular os reajustes dos aluguéis, registrou queda em novembro, com 17,89%. Apesar de ser um número alto, ele é o menor índice dos últimos doze meses e revela uma tendência de queda no preço dos aluguéis.

Para este ano, o segmento segue otimista, mas o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Avelar Loureiro Filho, declara que o momento não é favorável para quem deseja comprar um imóvel e colocar para alugar, por conta das altas de juros.

“O mercado para aluguel quando se tem taxas de juros, não é atrativo construir para alugar, nem comprar para alugar. A rentabilidade vem um pouco em queda e não consegue repassar todos os aumentos ao comprador, que não teve um aumento de renda na mesma proporção. As pessoas sempre têm necessidade de buscar um imóvel, esse mercado que é orgânico ele existe independente de crise e é ele que vai sustentar o ano de 2022”, apontou Avelar.

Ele destaca ainda que caso o consumidor tenha condições, ele opte pela compra do imóvel próprio. “Algumas pessoas alugam por não ter recursos, mas quando se tem possibilidade de comprar, dar entrada, é melhor comprar um imóvel e sair do aluguel”, orientou.  

FONTE: FOLHA DE PERNAMBUCO