Aguardada como uma das piores da história, a temporada de balanços do segundo trimestre deverá ser especialmente dura para os setores mais afetados pela restrição da mobilidade, como de aviação, locação de carros, concessões de rodovias e distribuição de combustíveis, segundo o analista de investimentos Pedro Galdi, da corretora Mirae Asset Management.
Os carros parados na garagem derrubaram a demanda por combustíveis e seus derivados, como óleos e lubrificantes, também não pagam pedágios e assim como no setor turismo, com as empresas de aviação sofrendo as piores quedas da história e as locadoras de carros com os pátios cheios e praticamente sem clientes na maior parte do período.
“Já era esperado que esses setores sofressem mais, mas há alguns poucos destaques positivos, como as incorporadoras, que soltaram prévias fortes e terão bons resultados, puxadas pela demanda residencial, e o setor de mineração, que será beneficiado pela exportação”, disse Galdi.
“A siderurgia foi afetada pela queda na demanda e o setor de produção de papel e celulose deverá ter um bom resultado operacional, mas virá com resultado negativo devido ao alto endividamento em moeda estrangeira”, diz.
Energia terá resultados mistos. “As geradoras e distribuidoras não fizeram reajustes de contas no período, além de não poderem cortar a luz dos clientes inadimplentes, já as empresas de transmissão devem ter resultados positivos, pois recebem entregando ou não”, diz.
O setor de educação será impactado pela mudança maciça de alunos do sistema presencial para o ensino a distância, que tem um preço menor e afetará as receitas.
No varejo, as empresas que vendem produtos essenciais, como farmácias e supermercados, terão bons resultados, mas o restante será afetado pelo fechamento de lojas. “O destaque será o crescimento do comércio eletrônico e quem tiver maior exposição a ele”, diz.
Petróleo deverá trazer números melhores que o primeiro trimestre, mas piores na comparação anual, dado a queda no preço do petróleo no período.
E por fim, Galdi acredita que o setor de proteínas deve se beneficiar da forte exportação, especialmente para a China, mas que deve ser pressionada, por outro lado, pelo fechamento de restaurantes.