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11/09/2017

Construção encolhe 21% durante a crise e volta ao patamar de 2009

Desde o início da recessão, no segundo trimestre de 2014, a atividade encolheu 21%, segundo dados do IBGE.

A contração nos gastos públicos, aliada à crise do setor imobiliário, fez a construção civil encolher ao patamar de seis anos atrás, em 2009, ano em que o país sofria os efeitos da crise financeira global.

Desde o início da recessão, no segundo trimestre de 2014, a atividade encolheu 21%, segundo dados do IBGE.

A construção e sua cadeia de materiais respondem por cerca de 10% do PIB, calcula a CBIC. E sua debilidade está empurrando os investimentos no setor e a indústria para o vermelho.

Presidente do Sinduscon-SP (sindicato da construção), José Romeu Ferraz Neto ressalta que, além da contração das obras públicas em razão do ajuste fiscal do governo, o setor também patina, digerindo o excesso de oferta de habitações dos últimos anos.

Economistas do governo falam que o segmento imobiliário produziu uma bolha, com a liberação de empréstimos para pessoas com menor capacidade de endividamento, o que levou a uma sobrevalorização dos imóveis.

Ferraz não concorda e atribui o excesso de oferta à perda de renda da população, além da alta da inflação e dos juros nos últimos anos.

Segundo projeções da CBIC, a construção civil como um todo (inclusive infraestrutura) fechará 2017 com uma retração de 3,5%, no quarto ano consecutivo de queda.

Presidente da entidade, José Carlos Martins diz que os recursos cativos da habitação também minguaram, o que retirou verba da construção.

Em seus cálculos, os recursos vindos dos depósitos da poupança ?65% são carimbados para o financiamento imobiliário? encolheram de R$ 120 bilhões em 2014 para uma projeção de R$ 40 bilhões neste ano. "Os depósitos voltaram a se recuperar nos últimos meses, mas estamos a séculos da situação que tínhamos no passado."

Uma das medidas listadas pelo setor para ajudar na recuperação é a legislação para regular a desistência na compra de imóveis, os distratos. A crise econômica levou muitos consumidores a desistir da compra, o que drenou a capacidade de investimento das construtoras.

A Secretaria de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça finalizou uma medida provisória para regularizar os distratos, mas o texto está parado na Casa Civil.

O secretário de Defesa do Consumidor, Arthur Rollo, diz que, pela proposta, consumidores pagarão mais se desistirem do negócio (até 50% do valor pago, limitado a 10% do valor do imóvel), mas as construtoras terão que permitir a desistência, com ressarcimento integral, se ela ocorrer em até sete dias.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO