Embora o crédito imobiliário a pessoas físicas já tenha voltado a crescer, a demanda de construtoras e incorporadoras ainda reflete uma postura cautelosa com os rumos da economia. Os números de julho começaram a apontar sinais de melhora, segundo executivos do setor, mas ainda não retomaram o nível pré-pandemia. A principal questão é que muitas companhias ainda se recuperavam da crise anterior.
“O empresário privilegiou o caixa, esperando uma definição maior, e postergou os lançamentos para o primeiro semestre de 2021”, afirma Romero Albuquerque, diretor de crédito imobiliário do Bradesco.
No banco da Cidade de Deus, a originação caiu de R$ 400 milhões por mês no primeiro trimestre para cerca de R$ 100 milhões no segundo. Houve alguma melhora em julho, diz o executivo.
Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do Santander, diz que a demanda de empresas está se recuperando, mas ainda em ritmo inferior ao de antes da crise.
A Caixa adotou uma série de medidas para estimular o setor durante a crise e já voltou a crescer. “Julho foi um dos melhores meses da história”, afirma o vice-presidente de habitação, Jair Mahl.
Entre as iniciativas do banco, está a antecipação de até 20% dos recursos para a produção de obras já iniciadas. A exigência de comercialização mínima dos empreendimentos caiu de 30% para 15% e foi aberta a possibilidade de contratação sem execução prévia das obras. “A queda das taxas de juros é importante, mas fizemos mudanças estruturais relevantes”, diz o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
Um aspecto positivo desta crise é que, diferentemente da recessão de 2016, não há um volume grande de distratos. Além de um amadurecimento do setor, as pausas de até seis meses concedidas pelos bancos no pagamento das parcelas ajudam os clientes a manter os contratos.