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13/11/2015

Construtoras apostam em feirão para alavancar venda de imóveis em SP

Em Ribeirão Preto (SP), o número de alvarás concedidos para início de obras, por exemplo, caiu 30% desde 2010, passando de 2,4 mil para 1,6 mil em outubro desse ano.

Após o período de auge vivido há cinco anos, sustentado por linhas de crédito e programas habitacionais, a construção civil passou a amargar contínua desaceleração no país. Em Ribeirão Preto (SP), o número de alvarás concedidos para início de obras, por exemplo, caiu 30% desde 2010, passando de 2,4 mil para 1,6 mil em outubro desse ano.

Ao mesmo tempo, o setor foi o terceiro que mais demitiu em 2015. Entre janeiro e setembro, 567 vagas de trabalho foram fechadas nos canteiros de obras em Ribeirão – queda de 122% em comparação com o mesmo período de 2010, quando o saldo era de 2,5 mil contratações.

O professor da Faculdade de Economia e Administração de Empresas da USP (FEA/USP) Dirceu Tornavoi de Carvalho explica que o cenário aponta o esgotamento de um ciclo histórico de crescimento da construção civil, provocado principalmente pelas altas taxas de juros e desemprego.

“Não é que as vendas pararam, mas reduziram. Então, nesse segmento, existe uma incerteza em relação ao futuro. Mesmo que a pessoa não tenha perdido o emprego, ela tem medo de ficar desempregada. Por outro lado, as taxas de juros aumentaram, o que colocou um custo maior nessa compra. Enquanto existir essa conjuntura de incerteza, não há perspectiva de retomada”, explica.

O desejo de compra existe, nós não enfrentamos a falta de clientes. Muitos ainda querem comprar. O que acontece é que as pessoas estão com medo de investir, não estão confiando. “Essa maré é muito ruim e nós estamos fazendo um esforço para reverter isso."

Ainda segundo Carvalho, diante desse cenário, o setor da construção civil, assim como outros afetados pela crise econômica, como a indústria e o comércio, já buscam alternativas para sustentar as atividades e as vendas. “Existe uma queda na demanda, então quem está ofertando tem que se ajustar”, afirma.

Em Ribeirão, dez construtoras e incorporadoras se reuniram para realizar um feirão de imóveis a partir desta sexta-feira (13). Durante uma semana, elas vão oferecer descontos a partir de 20% nos preços, com o objetivo de aquecer as vendas e entusiasmar quem ainda pensa em comprar a casa própria. O preço médio inicial dos imóveis é de R$ 200 mil.

“Nós estamos sentindo o momento de crise, mas continuamos trabalhando muito. Quem não tem vontade de comprar um imóvel? O déficit habitacional é muito grande, as pessoas querem comprar o imóvel próprio, maior, mais novo, mas falta credibilidade”, diz o empresário João Paulo Fortes Guimarães, organizador do evento.

Um levantamento feito pela imobiliária de Guimarães aponta que o número de lançamentos caiu pela metade entre 2014 e 2015, fruto do desaquecimento nas vendas – a queda foi de 30% no mesmo período. Por outro lado, o estoque de imóveis em outubro é 20% menor que o registrado em janeiro.

“O desejo de compra existe, nós não enfrentamos a falta de clientes. Muitos ainda querem comprar. O que acontece é que as pessoas estão com medo de investir, não estão confiando. Essa maré é muito ruim e nós estamos fazendo um esforço para reverter isso”, explica o empresário.

Representantes de instituições financeiras também participam do feirão, com o objetivo de facilitar as negociações e avaliar, junto às construtoras e aos clientes, as melhores linhas de financiamento e pagamento.

“O cliente vai conversar com o proprietário da construtora, ou com um representante dele, é uma negociação mais próxima. As pessoas sabem que o melhor lugar para investir o dinheiro é em imóvel, rende muito mais que qualquer outra aplicação. Então, essa é uma oportunidade para bons negócios”, conclui. 

 

FONTE: G1