As construtoras chinesas estão enfrentando uma pressão crescente sobre o pagamento da dívida, já que 958 bilhões de yuans (US$ 141 bilhões) em títulos onshore e offshore vencem até o fim deste ano, mostram dados de um centro de estudos do mercado imobiliário.
O número é 70 bilhões de yuans a mais do que no ano passado, escreveu em nota na segunda-feira Liu Shui, pesquisador sênior da China Index Academy. Os títulos emitidos no mercado onshore respondem por quase dois terços do total, disse a academia em um relatório separado na sexta-feira.
Somente no primeiro trimestre, cerca de 263 bilhões de yuans de títulos emitidos por empresas imobiliárias vencerão. Do total, quase 40 bilhões de yuans de dívida onshore e quase 70 bilhões de yuans de dívida offshore foram emitidos por construtores agora considerados arriscados ou em perigo, mostra o relatório do centro de estudos.
"Ainda pode haver riscos de inadimplência para as empresas imobiliárias - elas enfrentam crescente pressão de reembolso, enquanto as vendas ainda não tiveram uma recuperação estável", escreveu Liu. "Algumas construtoras têm suporte financeiro limitado dos reguladores, então ainda correm o risco de inadimplência."
O setor imobiliário da China, descrito pelo vice-primeiro-ministro Liu He em dezembro como um "pilar" da economia, está em crise há mais de um ano. Os desenvolvedores têm sido prejudicados por uma escassez de fundos causada por uma queda nas vendas de casas e uma incapacidade de obter novos financiamentos devido aos controles do governo sobre suas dívidas.
A crise de caixa os sobrecarregou com um estresse financeiro sem precedentes, que forçou muitos a entrarem em inadimplência ou a longas negociações com credores para reestruturar suas obrigações de pagamento.
Em 2022, as construtoras deixaram de pagar 149,6 bilhões de yuans em títulos onshore e US$ 30 bilhões em títulos offshore, respectivamente 2,5 vezes e 3,5 vezes os valores em 2021, escreveram analistas da GF Securities em um relatório na segunda-feira.
Os três maiores inadimplentes onshore foram China Evergrande Group, Yango Group e Sunac China Holdings, de acordo com o relatório. No mercado offshore, 26 construtoras ficaram inadimplentes, com Sunac e Evergrande no topo da lista.
As autoridades chinesas anunciaram recentemente uma série de medidas para ajudar as construtoras, especialmente aquelas com menores riscos de dívida, a reabastecer seu capital por meio de empréstimos bancários, emissão de títulos e vendas de ações nas bolsas de valores na China continental e em Hong Kong.
Os movimentos fazem parte de uma onda de políticas de apoio para fortalecer o mercado imobiliário. Eles incluem um programa de facilitação de emissão de títulos apoiado pelo governo, novas cotas de empréstimos para apoiar projetos inacabados.
Também foram flexibilizadas as restrições a um mecanismo de empréstimo que incentiva os bancos a ajudar as construtoras a reembolsar os títulos em dólares americanos que estão vencendo.
As medidas parecem estar funcionando, pelo menos para as empresas maiores. Em dezembro, 100 grandes empresas imobiliárias levantaram 101,8 bilhões de yuans, 84,7% a mais que em novembro e 33,4% a mais que no ano anterior, segundo dados publicados no sábado pela consultoria China Real Estate Information Corp. (Cric). A maior parte foi captada no mercado doméstico de títulos, que respondeu por 83,3 bilhões de yuans do total, um aumento de 83,4% na comparação anual.
Mas para 2022 como um todo, a captação de fundos pelas 100 empresas caiu 38%, para 824 bilhões de yuans, de acordo com o Cric, já que muitas construtoras em dificuldades acharam difícil pedir dinheiro emprestado ou vender propriedades para levantar dinheiro.
Matéria publicada em 11/01/2023
