O estudo ESG na Prática, elaborado pelo CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), aponta forte crescimento da aplicação do conceito.
Segundo o levantamento com 27 empresas do setor, 71% delas já cumprem diversas ações de ESG (sigla em inglês para ações ambientais, sociais e de governança) e outras 29% estão em fase inicial de implementação.
A mobilização é uma resposta à pressão da sociedade por iniciativas que minimizem os impactos socioambientais de um setor que responde por 38% das emissões de CO2 relacionadas à energia e tem mão de obra com menos especialização.
"O ESG é um caminho sem volta", diz Luiz França, presidente da Abrainc. "Há uma demanda crescente, consumidores mais jovens, entre 25 anos e 35 anos, que nasceram consumindo esses valores e abandonam as marcas que não os aplicam", afirma.
Dos entrevistados que responderam ter algum tipo de conhecimento sobre essa agenda (94%), cerca de 64% levaram em consideração os critérios ambientais, sociais e de governança na escolha dos seus investimentos. A não adesão aos investimentos ESG está relacionada, principalmente, com a falta de confiança e a dificuldade dos investidores em analisar e comparar as informações divulgadas.
Obstáculo que tende a diminuir a partir de 2023, quando a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passará a exigir mais informações das companhias.
Para atender aos critérios da agenda ESG, as empresas precisam ter iniciativas para proteger os recursos naturais, reduzir a emissão de poluentes e impactar positivamente o meio ambiente.
"Uma das boas práticas é o aproveitamento de energia solar. Se conseguir instalar [painéis solares] nas áreas coletivas dos empreendimentos, há o barateamento [da energia] inclusive para quem vai morar", afirma França.
Há também uma busca cada vez maior pela obtenção da certificação NBR ISO 14.000, que garante às empresas do setor a redução dos custos de produção, melhora da imagem pública e aumento na eficiência dos serviços.
As propostas sociais da agenda ESG incluem engajamento das empresas em relação às políticas de diversidade para o ambiente de trabalho e projetos para reduzir a desigualdade na sociedade, por exemplo. Pelo estudo, 81% das empresas no Brasil atuam para cumprir estes compromissos.
"O setor da construção civil é muito masculino. Por isso, nós aumentamos o número de mulheres nos canteiros de nossas obras", afirma Angel Ibañez, diretor de ESG da Tegra, incorporadora premiada no Master Imobiliário 2022 por Melhores Práticas em ESG e Segurança do Trabalho.
A governança, letra G da sigla, pede transparência dos processos corporativos, como investimento em mecanismos para impedir casos de corrupção, discriminação e assédio.
França afirma que a adequação ao ESG "vem se tornando um ponto crucial na visão de investidores e dos principais players da incorporação".
Ibañez relata crescimento na busca de certificações no segmento corporativo do mercado imobiliário nos últimos anos. Resultado de multinacionais demandando a aplicação dessa agenda na construção de seus escritórios no Brasil.
Matéria publicada em 17/12/2022