2018 foi um ano de decisões importantes para o economista Ricardo Moreira, de 30 anos. Ele adquiriu, em março, seu primeiro imóvel, para viver com a mulher. O apartamento está no condomínio Chez Vous, da incorporadora Tegra, que será entregue em 2021 e tem tudo para agradar aos jovens: piscina na cobertura com borda infinita, área fitness, bicicletário, serviço de concierge e salão gourmet. A localização também agrada: a Avenida Rouxinol, em Moema.
O bairro nobre da zona sul de São Paulo, classificado na cidade como elitista e destino de famílias grandes, moradoras de apartamentos de três ou mais dormitórios, tem atraído incorporadoras como a Tegra, interessadas nesse novo perfil de comprador: jovens casais ou solteiros, sem filhos, que privilegiam serviços e mobilidade.
“Quando começamos a procurar, queríamos um bairro onde desse pra fazer muita coisa a pé e não precisássemos usar o carro para ir à padaria. Um bairro acessível, que não fosse longe dos principais polos de São Paulo”, afirma Ricardo, natural de São José dos Campos (SP), que vive na capital há quase uma década.
O economista cita a variedade de serviços, como restaurantes, bares e comércio, como o diferencial que fez com que ele e sua mulher optassem pela região. “É um bairro elitista, mas para a gente isso é algo positivo. Porque temos tudo do bom e do melhor no entorno, e ainda há opções acessíveis.”
Contribuiu também para a decisão saber que seriam abertas estações do metrô. Neste ano, foram inauguradas as estações da linha 5-Lilás do metrô – Eucaliptos (março), Moema (abril) e AACD-Servidor (setembro).
Com as novas estações, os terrenos de Moema se tornaram mais atrativos não só para os moradores, mas também para as incorporadoras, já que é permitido construir até quatro vezes a área do terreno nos eixos estruturantes. Os eixos são os corredores de transporte público e as proximidades de estações de metrô e ferrovias, que podem ser mais adensados de acordo com o Plano Diretor Estratégico de 2014. Fora dos eixos, em vez de se poder construir até quatro vezes, o permitido vai de uma a duas vezes, dependendo da região da cidade.
Compactos. Pensando nesse novo perfil de famílias em formação, o empreendimento da Tegra vai trazer apartamentos de até 71 m², de dois dormitórios, como o imóvel de Ricardo, conta Andrea Bellinazzi, diretora de inteligência de mercado da empresa. Neste edifício, os preços partem de R$ 900 mil.
Outra empresa que viu em Moema oportunidade para os compactos foi a MAC. No Is Moema, que está 100% vendido e ficará pronto em 2021, são 248 estúdios de 25 a 32 m² sem garagem – na área comum, lounge, coworking, sala de reuniões e lavanderia. “Moema é um bairro de desejo. Está perto do parque do Ibirapuera, ao lado do aeroporto de Congonhas e tem uma estrutura de comércio e serviço forte. E é um bairro de poder aquisitivo melhor. Independentemente da idade, as pessoas querem morar em Moema”, diz Ricardo Pajero, gerente comercial da MAC. A incorporadora conta que tem mais dois terrenos comprados para projetos “democráticos”, mas ainda não pode divulgar os endereços.
“Antigamente, eram apartamentos grandes para a classe média alta. Agora, quando tenho apartamento mais compacto, trago outras classes sociais. É a democratização do luxo. Todo mundo pode morar em Moema”, diz Pajero, segundo quem os imóveis do Is Moema foram vendidos a R$ 300 mil.
A Eztec, que lançou o Z Cotovia na avenida de mesmo nome, tem residenciais de 23 a 51 m² a um custo estimado de R$ 15 mil/m² (os imóveis vão de R$ 300 a R$ 800 mil). “Foi lançado em março e foi um sucesso. Restam poucas unidades”, diz Tellio Totaro, gerente comercial da Eztec. “Com esse sucesso, temos para o ano que vem mais quatro terrenos em Moema.”