Em razão da persistência da crise econômica, a indústria cimenteira do país já trabalha com previsão de retração superior a 6% no consumo do mercado brasileiro em 2017. A avaliação é do SNIC, entidade que representa as companhias fabricantes de cimento, concreto e argamassas.
Até um mês atrás, o SNIC tinha uma estimativa levemente mais otimista - previa 5% de recuo na demanda interna de cimento no próximo ano. Segundo José Otávio de Carvalho, presidente da entidade - que reúne 10 grupos, com 13 empresas fabricantes - as condições que sustentam o consumo estão afetadas: emprego e renda, seguidos de crédito.
O dirigente lembra que o segmento de edificações imobiliárias (residencial, comercial e industrial), responsável por 70% do consumo de cimento no auge des vendas e consumo, em 2014, vive uma profunda crise, com poucos lançamentos de imóveis e acumulação de estoques devido distratos de contratos de vendas.
Por seu lado, a área de infraestrutura padece pela falta de obras públicas. E o programa de concessões de aeroportos, portos, ferrovias, rodovias e saneamento deve levar um bom tempo para surtir efeitos em termos de obras, caso seja bem sucedido. O problema, lembra Carvalho, é que governos federal e estaduais estão sem fôlego financeiro.
O executivo aponta que o setor cimenteiro pode chegar ao fim de 2017 com vendas de 50 milhões a 52 milhões de toneladas, ante 72 milhões de toneladas no auge, em 2014. Para este ano, a previsão é que o consumo apresente queda entre 13,5% e 14%, depois de um recuo de 11% em 2015.
"A retomada só deve mesmo ocorrer em 2018. O problema é que, a partir daí, vamos levar mais quatro anos - até 2022 - para voltar ao patamar de 2014", afirmou o dirigente do SNIC.
Como houve muito investimento de expansão a partir de 2007, quando a demanda disparou no país, as cimenteiras vêm operando com cerca de 55% de ociosidade. A capacidade instalada do parque fabril superou 100 milhões de toneladas anuais com novos projetos entregues por CSN, Votorantim e LafargeHolcim neste ano.