As contratações de financiamento dentro do Casa Verde e Amarela (CVA) com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) mantiveram a trajetória de recuperação em setembro - o que representa um alívio para o mercado imobiliário.
O segmento sofreu um tombo no primeiro semestre, mas vem se recuperando desde julho. Passados os primeiros 20 dias de setembro, as contratações estão mostrando um desempenho similar ao de agosto, quando atingiram R$ 7,2 bilhões - o que foi equivalente a um crescimento de 45% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Os números, ainda parciais, foram antecipados ao Broadcast pela vice-presidente da habitação da Caixa Econômica Federal, Henriete Bernabé. "Estamos mantendo mais ou menos o mesmo volume de agosto", afirmou, em entrevista.
Segundo a executiva, o dado demonstra que o setor não está apenas retomando os projetos que foram represados nos meses anteriores, mas está passando por um avanço, de fato. Se o ritmo for mantido, a Caixa espera aplicar todo o orçamento do FGTS previsto em 2022 para o setor da habitação, que é de R$ 68 bilhões.
Por enquanto, não há previsão de pedir uma suplementação de recursos ao conselho curador, ponderou, mas isso não está descartado mais adiante.
Bernabé atribuiu o crescimento nas contratações no programa habitacional às mudanças nas condições de financiamento implementadas nos últimos meses, que envolvem aumento dos subsídios, redução de taxas de juros e ajustes nas faixas de renda dos beneficiários.
Além disso, o prazo dos mutuários para pagamento dos empréstimos foi ampliado neste mês de 30 para 35 anos, o que ajuda a diluir o valor da parcela. "Antes a prestação que não cabia no bolso do consumidor, mas agora sim", avaliou.
Adaptação
Na primeira metade do ano boa parte das incorporadoras suspenderam o lançamento de projetos do Casa Verde e Amarela porque a disparada nos custos de construção inviabilizou os negócios. Ao repassar o custo maior para o preço final das casas e apartamentos, as incorporadoras perderam a clientela.
O encolhimento dos negócios dentro do Casa Verde e Amarela foi o grande responsável por derrubar o mercado imobiliário entre os meses de abril e junho.
Os empreendimentos enquadrados no programa representaram apenas 36% dos lançamentos no segundo trimestre de 2022. Esse patamar era de 48% no segundo trimestre de 2021 e bateu em 55% ao longo de 2020, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
A pesquisa da CBIC mostrou que os lançamentos residenciais em todo o País caíram 15,4% na comparação entre o segundo trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, indo a para 63.878 unidades. No mesmo período, as vendas recuaram 5,5%, passando para 72.861 unidades.
Matéria publicada em 21/09/2022
