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09/08/2023

Copom considera pouco provável intensificar ritmo de ajustes do juro (Valor Econômico)

Segundo ata de reunião, colegiado não crê que aperto monetário está maior que o necessário para levar inflação à meta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) diz, em ata divulgada nesta terça-feira, que “julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes” da taxa básica de juro, além das baixas de 0,5 ponto percentual sinalizadas para os próximos encontros.

 

“Isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, afirma a ata, que detalha as discussões em torno do corte de juro de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano decidido na semana passada.

 

“Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”, segue o documento.

 

Conforme dito em comunicado que acompanhou a decisão de política monetária, a ata reafirma que os membros concordaram por unanimidade com “a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual” nas próximas reuniões. Os membros do Copom avaliaram que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

 

Para o comitê, o ritmo de 0,5 ponto conjuga, de um lado, “o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionaria” e, de outro, “o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”.

 

“Avaliou-se ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado”, diz a ata.

 

No texto, o BC enfatizou a necessidade de “manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”.

 

O documento diz que a extensão do ciclo dependerá da dinâmica inflacionária,” em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

 

“O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central”, diz a ata do Copom.

 

O documento contempla ainda que, na análise sobre a extensão do ciclo, o comitê avaliou diferentes cenários, incluindo a trajetória do Focus para a Selic (que previa queda de 0,25 ponto na semana passada), uma baixa de 0,5 ponto percentual e “cenários alternativos que refletiam o balanço de riscos”.

 

Evidenciou-se, nessa análise, a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas.

 

Ao dar os detalhes sobre a decisão tomada em seu último encontro, o Copom disse que o colegiado "unanimemente" avaliou que a evolução do cenário desde a última reunião permitiu "acumular a confiança necessária" para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária.

 

"Tal avaliação perpassou diferentes dimensões. Em primeiro lugar, ressaltou-se o comportamento positivo das expectativas de inflação após a definição da meta pelo CMN e o anúncio da mudança para o sistema de meta contínua", ressaltou o texto. "A redução das expectativas de inflação, assim como das medidas de inflação implícita nos ativos de mercado, reduz o custo da desinflação e tem impacto sobre o juro real ex-ante da economia, como já anteriormente alertado pelo Copom", pontuou.

 

Em relação à melhora recente de indicadores econômicos, a ata mostrou uma divisão entre os membros do colegiado. "Em segundo lugar, houve clara melhora nos índices de inflação cheia, enquanto a inflação de serviços segue desacelerando na margem. Alguns membros deram mais ênfase à dinâmica recente, enquanto outros enfatizaram que os fundamentos subjacentes para a dinâmica da inflação de serviços ainda não permitem extrapolar com convicção o comportamento benigno recente", detalhou a ata.

 

Com relação ao hiato do produto, uma medida de ociosidade da economia, alguns membros ressaltaram que sua estimativa tem sido revisada para cima. O comitê discutiu "as implicações de formas alternativas de mensuração de hiato com outros modelos e seus respectivos impactos nas projeções".

 

"Por fim, notou-se que a reancoragem parcial das expectativas contribuiu para uma redução das projeções no cenário de referência. No entanto, a atualização de algumas variáveis do cenário de referência que afetam a estimativa e as projeções do hiato do produto compensaram esse movimento, fazendo com que as projeções de inflação não diferissem tanto em relação às da última reunião", complementou.

FONTE: VALOR ECONôMICO