Os mercados imobiliários passam por um momento frenético ao redor do mundo.
Em países como Estados Unidos, Reino Unido e China, o setor imobiliário desfruta de uma forte expansão. Os preços globais sobem no ritmo mais rápido desde 2006, segundo a Knight Frank, com aumentos anuais de dois dígitos. Mercados muito caros enviam alertas de bolha que não eram vistos desde o período anterior à crise financeira, segundo análise da Bloomberg Economics.
Há histórias de todo tipo, com compradores desesperados prometendo dar o nome dos vendedores aos primogênitos e edifícios abandonados vendidos por preços de mansões.
Os fatores para a onda são notavelmente consistentes: financiamento barato, um desejo pós-pandêmico por mais espaço, novos trabalhadores remotos levando dinheiro das cidades para localidades regionais e, principalmente, um temor generalizado de que, se a compra não for feita agora, nunca mais será possível.
Com os preços em alta, também aumentam os riscos para indivíduos e para a sociedade. Mesmo sem um colapso iminente, financiamentos de alto valor podem deixar os compradores vulneráveis se as taxas de juros subirem, com menos renda disponível para gastar na economia em geral e com maior probabilidade de se aposentarem endividados. Para os mais jovens, a compra de um imóvel é cada vez mais difícil, ampliando ainda mais a desigualdade intergeracional.
Embora reguladores comecem a ficar nervosos, há poucos sinais de ação significativa na maioria dos países. Eles esperam que o mercado comece a esfriar sozinho, argumentando que, devido ao foco de uma década em padrões de crédito mais elevados, combinados com a perspectiva de taxas de juros baixas por um período prolongado, não há um gatilho óbvio para um colapso. Grande parte da atividade também está sendo impulsionada por proprietários que planejam morar nas residências, que normalmente não saem vendendo o ativo ao primeiro sinal de queda dos preços, como acontece com os investidores.
Disputa na Austrália
Não tinha cozinha, banheiro ou eletricidade, muito menos piso ou pintura. Ainda assim, a casa quase abandonada, a cerca de sete quilômetros ao sul do centro da cidade de Sydney, foi vendida por 4,7 milhões de dólares australianos (US$ 3,5 milhões) após uma guerra de lances.
É apenas mais uma venda surpreendente na cidade portuária, onde mais da metade dos imóveis vendidos neste ano valiam pelo menos 1 milhão de dólares australianos e os ganhos trimestrais até maio foram os maiores em mais de 30 anos. Em maio, os preços dos imóveis subiram 1.263 de dólares australianos por dia, enquanto o mercado imobiliário da Austrália acabou de encerrar o melhor ano fiscal desde 2004, segundo números divulgados na quinta-feira.
Estou neste setor há 25 anos e nunca vi nada parecido”, disse o corretor Joe Recep, da NG Farah Real Estate. “Recebemos 30 mil consultas sobre a propriedade em quatro semanas - dos Emirados Árabes Unidos, Dubai, EUA, Nova Zelândia e de todos os países asiáticos.”
É o segmento top que puxa o mercado. Compradores que voltaram do exterior com os bolsos cheios e residentes ricos presos no país pelas fronteiras fechadas da Austrália estão dispostos a pagar quantias exorbitantes por um estilo de vida invejável.