O estoque e as concessões totais de crédito subiram em março na comparação com fevereiro, enquanto a inadimplência ficou estável, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Banco Central. No critério dessazonalizado, porém, as concessões de crédito mostraram queda.
O saldo das operações de crédito do sistema financeiro cresceu 0,7% em março, para R$ 5,361 trilhõe. Em 12 meses, houve alta de 12%. O saldo total do crédito livre subiu 0,8% em março, chegando a R$ 3,169 trilhões, enquanto o crédito direcionado avançou 0,6%, para R$ 2,191 trilhões.
O saldo total de crédito para as famílias aumentou 0,8% no mês, chegando a R$ 3,266 trilhões. Para as empresas, houve alta de 0,6%, para R$ 2,096 trilhões.
As projeções mais recentes do BC para o crescimento do crédito em 2023 são: 7,6% para o total; 7,1% para o livre; 8,3% para o direcionado; 8,4% para pessoas físicas; 6,3% para pessoas jurídicas.
O crédito ampliado ao setor não financeiro cresceu 0,5% em março, na comparação com fevereiro, alcançando R$ 14,953 trilhões. Essa é considerada pela autoridade monetária a medida mais abrangente do crédito, já que inclui não apenas empréstimos e financiamentos, mas também o mercado de capitais e empréstimos externos
Concessões
No caso das concessões, o sistema financeiro concedeu em março 24,2% a mais em novos empréstimos e financiamentos, na comparação com fevereiro. O número leva em conta as concessões totais em cada mês.
As concessões para clientes corporativos subiram 34,6% contra o mês anterior, somando R$ 239,8 bilhões. Para as famílias, o sistema financeiro concedeu R$ 283,3 bilhões em novos empréstimos e financiamentos, alta de 16,6% em relação a fevereiro.
As concessões com recursos livres, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e clientes, subiram 22,8%. Já as operações com recursos direcionados, que são regulamentadas pelo governo ou vinculadas a recursos orçamentários, aumentaram 38,6%.
As concessões dessazonalizadas, no entanto, caíram 1% em março, na comparação com o mês anterior. Para as pessoas físicas, houve queda de 2,2%, enquanto para as pessoas jurídicas foi registrada queda de 2,6%.
No crédito livre total, as concessões com ajuste sazonal caíram 2,1%. No crédito direcionado, recuaram também 2,1%.
"O cenário que nós temos para o crédito é de um crescimento para março, mas com desaceleração [na taxa de crescimento em 12 meses] nos saldos e redução das concessões [dessazonalizadas] para o mês", destacou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, em coletiva. Rocha explicou que a dessazonalização retira efeitos efeito de eventos específios do período ou do número de dias úteis na concessão dos empréstimos.
Inadimplência
A inadimplência média das operações de crédito ficou estável em 3,3 % em março, na comparação com fevereiro. Entre as empresas, a taxa média ficou em 2,1%, estável na relação fevereiro. Entre as famílias, foi 4,1%, também estável.
No crédito com recursos livres, a inadimplência ficou em 4,6% (contra 4,5% em fevereiro). No crédito direcionado, foi 3,3%, contra 3,3% anteriormente.
Imobiliário, veículos e BNDES
O estoque total de crédito imobiliário para as pessoas físicas com recursos direcionados subiu 0,9% em março na comparação com fevereiro, somando R$ 951,923 bilhões. Em 12 meses, a alta foi de 13,3%. Já as concessões, na mesma categoria, subiram 20%, para R$ 14,528 bilhões no mês, acumulando queda de 5,4% em 12 meses. A taxa anual de juros, por sua vez, subiu de 9,5% para 11%.
O saldo de operações para a compra de veículos por pessoas físicas teve alta de 0,8% em março, para R$ 262,679 bilhões. As concessões subiram 31,3% no mês, para R$ 13,067 bilhões. A taxa de juros média ficou estável em 83,5% ao ano.
O BC também informou que a carteira de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas encerrou março com queda de 0,7%, para R$ 390,473 bilhões. A comparação é com o mês anterior. Olhando as concessões do BNDES, houve aumento de 86,5% no mês, para R$ 6,127 bilhões.