Em 2015, o saldo das operações de crédito cresceu apenas 6,6% em relação a 2014, atingindo R$ 3,217 trilhões, enquanto as concessões – que refletem os empréstimos novos ou renegociações – diminuíram 3,2% em termos nominais e 14% descontada a inflação. Dezembro é um mês atípico, em que o crédito tende a crescer (+1,3% em relação a novembro), mas ainda assim os números foram fracos, o que mostra a gravidade da situação econômica.
Segundo a nota do Banco Central (BC), o declínio real do crédito acompanhou a retração da atividade econômica e os efeitos da política monetária (ou seja, dos juros altos) – e nada indica que 2016 será melhor, pois, salvo no crédito imobiliário, há pouca demanda de crédito.
Para este ano, o BC prevê crescimento nominal do crédito de 7%. Dada a inflação esperada, poderá representar o segundo ano consecutivo de redução real de empréstimos. Economistas como Flavio Calife, da Boa Vista SCPC, calculam que o estoque de crédito aumente apenas 5% em 2016.
Em 2015, empresas e famílias aumentaram o endividamento em operações de crédito direcionado, de custo menor que o livre. Mas as concessões de crédito direcionado cresceram apenas 0,5% em 12 meses para as pessoas físicas e caíram 2,1% para as pessoas jurídicas, provavelmente por conta da redução da oferta pelo BNDES ao longo do ano.
A relação entre o crédito e o PIB aumentou apenas 1,1 ponto porcentual entre 2014 e 2015, de 53,1% para 54,2%, cerca da metade do crescimento de 2014, de 2,1 pontos.
Em dezembro, as taxas médias de juros caíram 0,3 ponto porcentual para as empresas (de 21,2% ao ano para 20,9% ao ano) e 0,8 ponto para as famílias (de 38,7% para 37,9% ao ano). Mas também neste caso se trata de fato atípico: é no último mês do ano que mais pessoas físicas quitam o cheque especial e empresas renegociam débitos que não conseguiam quitar. Mesmo assim a inadimplência em 12 meses e prazo superior a 90 dias cresceu 0,7 ponto porcentual.
Os aposentados da Previdência Social e os funcionários públicos foram os que mais se endividaram no crédito consignado, aumentando seus débitos, respectivamente, 11,3% e 8,4% entre 2014 e 2015. São categorias com rendimento ou emprego estáveis, mas a alta do endividamento das pessoas de maior faixa etária podem ter implicações negativas, reduzindo o espaço para quitar despesas extraordinárias.