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31/07/2023

Crédito imobiliário cresce 6% no semestre, com queda de funding da poupança e salto do FGTS

Dados da Abecip mostram que financiamento com recursos do SBPE recuou 10%, enquanto funding relacionado ao FGTS teve expansão de 62%

 

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) informou que o crédito imobiliário teve alta de 6% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2022, somando R$ 117,8 bilhões. Dentro desse número geral, o financiamento com recursos da poupança (SBPE) teve queda de 10%, a R$ 76,7 bilhões, enquanto com funding do FGTS teve expansão de 62%, a R$ 41,1 bilhões.

Para o resultado fechado de 2023, a Abecip prevê que o financiamento imobiliário terá queda de 1%, com baixa de 13% no SBPE e alta de 32% no FGTS. Essa projeção já considera a suplementação de recursos aprovada pelo conselho curador do FGTS esta semana.

José Rocha Neto, presidente da Abecip, afirma que não prevê uma desaceleração do mercado no segundo semestre e que as projeções para 2023 foram feitas considerando a média histórica de utilização da verba aprovada pelo FGTS. "Pode ser que a gente observe mais ou menos a mesma tendência do primeiro semestre, se houver uma aceleração nos desembolsos do FGTS. Como não sabemos o que vai acontecer, de forma conservadora decidimos utilizar os dados históricos. De qualquer forma, 2022 vai ser o terceiro melhor ano da história do crédito imobiliário".

Ele diz que a poupança vem perdendo peso no total de funding, mas garante que existe, sim, funding para o crédito imobiliário no país.

"As linhas alternativas de funding, como LIG, LCI e CRI, vêm tendo forte avanço. A concentração tem um lado bom e um lado perigoso. A estrutura de funding do crédito imobiliário vem se desconcentrando, com menos dependência da poupança. Para o setor isso é muito importante".

No primeiro semestre de 2021, a participação da poupança no funding total era de 49%, percentual que caiu para 44% em 2022 e 36% agora na primeira metade de 2023. "A poupança é o componente mais importante do funding imobiliário e vai continuar sendo", garante o presidente da Abecip.

Rocha diz que ainda é cedo para prever como será 2024, mas que a ideia é que o ano seja parecido com 2023. "Acredito que não teremos nem um grande aumento, nem uma grande redução no volume desembolsado. É claro que não dá para fazer uma descorrelação com o que acontece na economia, e as projeções de PIB indicam um crescimento menor que em 2023. Então pode ter um efeito, talvez em contratações um pouco menores. Mas, seja como for, certamente vai continuar sendo um volume muito representativo".

O executivo disse que, no âmbito do marco de garantias, existem alguns pontos que podem gerar insegurança sobre o instrumento da alienação fiduciária e que é preciso assegurar que essa ferramenta continue funcionando bem. "Existem sinais de que pode ter algum movimento que possa gerar algum desconforto. Estamos conversando, temos um diálogo muito bom com o Congresso, que tem aberto portas e escutado o setor. Tivemos avanços com alguns pontos, mas ainda há itens que precisam ser melhorados".

FONTE: VALOR ECONôMICO