Com o mercado aquecido, a compra de terrenos na cidade de São Paulo está mais disputada e, por isso, também mais cara. Em 2018, eram três as principais empresas na disputa por licitação de um mesmo terreno. Hoje, são cinco. Com a alta competitividade, proprietários chegam a pedir 100% mais do que o valor normal de venda de um terreno. Renato Bottoni Galvão, diretor de novos negócios da Benx Incorporadora, explica que, como o aumento é impraticável, incorporadoras têm fechado negócios na faixa de 20%.
“A competitividade se aplica em todos os bairros da capital paulista, mas ela se intensifica nos bairros mais nobres, como Itaim Bibi e Jardins”, conta o executivo. Ele acredita que a razão do acirramento seja o ciclo positivo do mercado imobiliário. “As taxas para financiamento nunca estiveram tão favoráveis. As empresas de capital aberto, que sofreram o maior número de distratos no ciclo negativo de 2014 a 2018, agora voltaram a dar resultados positivos, garantindo liquidez para a compra de terrenos.”
Além das grandes empresas, as pequenas e médias também entraram na corrida por novos lotes, uma vez que recebem capital de fundos e gestoras para suas próprias aquisições. “Basicamente é a nossa percepção. Participamos de diversos processos licitatórios que possuem os resultados divulgados. Assim, conseguimos verificar a alta na competitividade”, afirma Bottoni.
Alta demanda tem endereço
Apesar de a procura ser alta, a oferta é cada vez mais escassa. O Plano Diretor Estratégico (PDE) de 2014 e a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS) de 2016 focam o desenvolvimento dos novos empreendimentos em regiões próximas às estações de metrô e trem. Porém, após mais de seis anos de incentivos para essas construções, muitas das regiões já estão totalmente verticalizadas e sem terrenos disponíveis.
A Benx se preparou para este cenário e possui terrenos para lançamentos até o segundo semestre de 2022. A incorporadora adquiriu, em média, oito novos empreendimentos por ano desde 2018, em bairros de médio e alto padrão, como Santana, Mooca, Klabin, Vila Madalena, Campo Belo, Perdizes, Itaim Bibi, entre outros. Mas a expectativa da empresa é de que a escassez de terrenos se reflita no perfil de lançamentos e no volume de venda.
“No segmento de padrão econômico, temos a percepção de que o volume de negócios deve reduzir, porque o poder de compra dos clientes não permite aumento nos preços de venda. Já no segmento de médio/alto padrão existe elasticidade de preço, de maneira que não vislumbramos redução no volume de oferta”, conclui.