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11/05/2023

Crescimento de startups do setor imobiliário desacelera em 2022 (Valor Econômico)

Brasil ultrapassou a marca de mil startups do segmento imobiliário, mostra pesquisa

O número de startups dos segmentos imobiliário e construtivo chegou a 1.068 no Brasil em 2022, crescimento de 11,8% sobre o ano anterior, segundo o 7º Mapa de Construtechs e Proptechs, feito pela Terracotta Ventures, empresa de venture capital especializada em mercado imobiliário.

 

Apesar de ser um crescimento, é a menor taxa desde o início da pesquisa. De 2021 para 2022, por exemplo, a alta foi de 13,8%.

 

Para Marcus Anselmo, cofundador da Terracotta, isso não é negativo. “É sinal de amadurecimento”, afirma. Os problemas básicos do setor já teriam sido atacados, e novas empresas precisam focar em questões complexas. “Tem muito empreendedor que vai no mapa ver se já tem alguém fazendo o que ele faz, as ideias óbvias começam a não aparecer mais”, diz.

 

O ano passado foi difícil para startups de todos os ramos, com escassez de investimento e demissões em massa, o que também afetou proptechs e construtechs. Em 2022, o valor total dos investimentos nessas companhias recuou 56%, de R$ 5,83 bilhões para R$ 2,55 bilhões. Para Anselmo, esse valor representa menos uma queda e mais uma volta à normalidade, após um 2021 fora da curva em atratividade de investimentos em startups.

Do total investido em 2022, R$ 1,4 bilhão foi direcionado para apenas uma empresa, a Creditas, que tem atuação no crédito imobiliário. O segundo maior aporte, na Brasil ao Cubo, de sistemas construtivos, foi de R$ 74 milhões.

 

Anselmo ressalta que é usual para o setor ter aportes concentrados. Em 2021, por exemplo, só R$ 634 milhões dos R$ 5,83 bilhões investidos foram para companhias ainda iniciantes, o restante tendo ficado principalmente com Loft e QuintoAndar.

A expectativa da Terracotta é que essa concentração caia conforme o mercado amadureça mais.

 

A queda na disponibilidade de investimentos já provocou uma mudança no mercado. Segundo Anselmo, passou-se a dar mais valor para o empreendedor maduro, que tem habilidade em gestão financeira e capacidade de executar um plano de negócio corretamente. “É algo que não se falava há três ou quatro anos”.

A taxa de mortalidade das companhias caiu de 13,7% em 2021 para 5,2% no ano passado. Das companhias que encerraram duas atividades, 92% estavam na fase “pré-seed”, ainda desenvolvendo seus produtos.

 

Anselmo avalia que as startups que conseguirem resistir ao momento de baixo investimento devem encontrar um cenário mais favorável à frente, com menos competitividade, aumento de valorização e um mercado ainda com alta necessidade de adoção de tecnologia, o que chama de “tríplice alavanca”.

 

A fase de digitalização do setor construtivo, que gera oportunidades de novos negócios, o diferencia de outras áreas com atuação forte de startups, como varejo e o setor financeiro, que já passaram pela fase de transição tecnológica, afirma Anselmo.

Ele prevê que áreas como soluções financeiras e para obras seguirão em alta neste ano. Dentro do segmento financeiro, há destaque para o financiamento de mão de obra e das construções.

FONTE: VALOR ECONôMICO