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11/12/2015

Crise ainda afeta bônus hipotecário do Credit Suisse

Os detentores de títulos garantidos por hipotecas de imóveis comerciais (CMBS, na sigla em inglês) emitidos pelo Credit Suisse sofreram prejuízo de € 1,2 bilhão em novembro, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Alastair Marsh | Bloomberg

Se você comprou bônus garantidos por imóveis europeus antes da crise financeira mundial, é provável que tenha perdido ou que vá perder dinheiro. Se esses bônus foram vendidos pelo Credit Suisse Group AG, as probabilidades são ainda maiores.

Os detentores de títulos garantidos por hipotecas de imóveis comerciais (CMBS, na sigla em inglês) emitidos pelo Credit Suisse sofreram prejuízo de € 1,2 bilhão em novembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. O montante representa mais de três vezes as perdas das operações do Royal Bank of Scotland Group Plc, que chegam a € 353 milhões - o segundo montante em magnitude - e os € 295 milhões em notas do Lehman Brothers Holdings Inc., que entrou em colapso em 2008.

Esse fracasso mostra onde estão as maiores perdas dos investidores nesse mercado de € 49 bilhões, especialmente para originadores como o Credit Suisse, que vendeu a grande maioria de suas notas quando os preços dos imóveis estavam em seu pico. O sofrimento dos investidores está longe do fim, já que as disputas legais ameaçam as recuperações e os administradores não conseguem resolver negócios nos quais cerca de € 13 bilhões em empréstimos subjacentes estão inadimplentes.

"O Credit Suisse originou diversas transações no momento de auge do mercado e a maioria dos CMBS emitidos em 2006 e 2007 enfrentou dificuldades", disse Solveig Loretz, ex-banqueiro de securitização do Morgan Stanley, que presta assessoria sobre transações financeiras estruturadas na Solo Partners, em Londres. "O mercado imobiliário estava no auge naquele momento e alguns atores da área de securitização pensaram que a tendência ascendente dos preços dos imóveis continuaria."

Adam Bradbery, porta-voz do Credit Suisse em Londres, preferiu não comentar o desempenho das transações de CMBS do banco.

O Deutsche Bank, que iniciou seu programa de emissão de CMBS em 2003, é o maior originador, com quase € 19,6 bilhões, seguido pelo Morgan Stanley, que em 1999 se tornou o primeiro banco a desenvolver um programa de CMBS, com € 19,4 bilhões. Os prejuízos totalizam € 17 milhões, ou 0,09% das operações do Deutsche Bank, e € 6,7 milhões, ou 0,03% das vendas do Morgan Stanley, segundo levantamento.

"Os bancos que entraram no mercado de CMBS no início se beneficiaram por terem sido os primeiros, o que significava que eles poderiam desenvolver uma base de clientes mutuários sem precisar reduzir os requisitos para ganhar clientes", disse Paul Heaton, analista de CMBS do Deutsche Bank, em Londres. "Quem chegou depois teve uma necessidade maior de buscar negócios para poder ser competitivo", afirmou o analista.

O colapso dos preços imobiliários durante a crise fechou o mercado de hipotecas comerciais da Europa e deixou milhares de imóveis com um valor menor que o da dívida que os respaldava.

FONTE: VALOR ONLINE