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12/05/2016

Crise chega a acabamentos e vendas de materiais podem recuar até 8%

As vendas de material de acabamento podem ter perdas mais acentuadas nos próximos meses, na sequência das quedas dos itens de base, estima a Associação Brasileira da Indústria dos Material de Construção (Abramat).

Jéssica Kruckenfellner

As vendas de material de acabamento podem ter perdas mais acentuadas nos próximos meses, na sequência das quedas dos itens de base, estima a Associação Brasileira da Indústria dos Material de Construção (Abramat).

Com a piora nas vendas do setor, a associação já prevê perdas de até 8% no faturamento este ano. "A partir dos resultados de maio, devemos revisar a queda prevista para 2016, com fatores diferentes explicando perdas em acabamento e materiais de base", afirmou ao DCI o presidente da Abramat, Walter Cover.

Ele disse que a retração de 4,5%, prevista inicialmente, deve ficar entre 7% e 8%, com melhor desempenho das empresas de varejo em relação a indústria de construção. "O varejo deve ir melhor, com recuo de 2% a 3% no faturamento real. Já as construtoras devem perder entre 12% a 13% este ano", comentou.

A retração esperada no segmento de acabamentos em 2016 reflete o fim da maior parte das obras de construção civil, que ajudaram a minimizar a queda na demanda por esses produtos no ano passado.

Segundo Cover, com o término do bônus de demanda gerado pelas obras que ainda estavam em andamento, a tendência é o setor registrar taxas cada vez mais similares em acabamento e materiais de base. Este último, começou a cair de forma acentuada em 2015, com a redução de aportes em obras de infraestrutura.

De janeiro a abril, as vendas deflacionadas da indústria de materiais de construção caíram 15,8% na comparação com igual período de 2015, de acordo com levantamento da Abramat. Apenas em abril, o faturamento do setor recuou 10,5% na mesma base.

O faturamento deflacionado de materiais de base registrou queda de 17% de janeiro a abril contra um ano antes. Em acabamentos o recuo foi menos intenso, com perda de 13,9% no período. No acumulado dos últimos 12 meses, as perdas foram de 16,7% e 13,2%, respectivamente.

"Até o final do ano essas quedas nos dois segmentos devem se equilibrar, com números similares. Considerando ainda que podemos ter uma melhora na demanda para obras de infraestrutura, com a possibilidade de novas concessões no País", citou. Em acabamentos, o dirigente disse esperar uma demanda ainda fraca para reformas.

Sem perspectivas para vendas nos próximos meses, o Grupo Astra encontra dificuldades para repetir o desempenho do ano passado. Para o diretor da fabricante, Manoel Flores, é pouco provável alcançar ou superar o faturamento de cerca de R$ 630 milhões.

"Os números do mercado como um todo estão muito ruins e podemos até registrar uma perda nominal de 5% este ano", afirmou ele.

Para compensar a demanda menor este ano, a empresa de materiais de acabamento reforçou a atuação nos pontos de venda e investe em lançamentos. Uma das oportunidades no atual cenário, lembrou o executivo, é avançar sobre a concorrência, já que o mercado está cada vez menor.

O nível de utilização da capacidade instalada pelo grupo Astra está abaixo de 60% atualmente, quando o nível ideal é de 85% a 90%. "Não podemos parar os turnos, para não perder produtividade, mas estamos parando um dia no final de semana e prolongando os feriados", revelou Flores.

Retomada - Na avaliação de Cover, da Abramat, o setor pode estar próximo do fundo do poço, com recuperação possível em 2017. "Eu acredito que daqui para frente podemos ver novas quedas, mas menos acentuadas em função da base fraca de comparação com 2015. Assim, nos últimos meses do ano podemos ter um resultado um pouco melhor", disse ele.

A expectativa do dirigente é ver ainda uma desaceleração no desemprego e a resolução do quadro político e econômico. Juntos, esses fatores podem dar maior estabilidade ao mercado doméstico, contribuindo para o início da retomada.

"Mas as pessoas ainda vão esperar um pouco para ver se as medidas [econômicas] vão aparecer e dar resultado. Mas na nossa visão, [a demanda] já pode começar a retomada em 2017", destacou. No mercado imobiliário, entretanto, Cover lembrou que a melhora ainda depende da oferta de crédito.

 

FONTE: DCI