O copresidente da Cyrela, Raphael Horn, afirmou nesta sexta-feira, em teleconferência com analistas e investidores, que vai haver um mercado imobiliário em crise quando o isolamento social for encerrado, mas que o cenário não será tão drástico como se observou em abril. “O pior momento é o do isolamento social”, disse Horn.
Segundo ele, o mês de abril foi “um mês anormal” em relação a vendas. “O meteoro caiu no mês de março. Em abril, veio o isolamento social, tudo no susto. Uma hora isso vai terminar, e teremos a volta da economia a um novo normal”, disse.
O executivo destacou que, no novo normal, as pessoas vão voltar a comprar apartamentos. Horn ressaltou que ninguém tem muita visibilidade em relação a qual será o cenário após o fim do isolamento, mas que a companhia tem produtos “interessantes” para lançamento.
O copresidente afirmou que a Cyrela tem “bastante experiência de navegar em crises”.
Horn disse que ainda é muito cedo para saber qual será o impacto de mudanças de comportamento que estão ocorrendo durante a pandemia de covid-19 no consumo dos compradores de imóveis e no tamanho das unidades.
“Está tudo muito novo para saber o que o cara [o cliente] vai querer lá na frente”, disse.
Questionado sobre o futuro do mercado de unidades compactas, o copresidente disse que a Cyrela já não se concentrava no segmento, mas que não acredita que deixará de haver mercado para esse tipo de produto.
Horn disse ainda que, se a crise durar bastante tempo, haverá oportunidades na compra de terrenos. “Crise de um mês e meio não é crise”, respondeu ao ser questionado se a pandemia já está se refletindo na aquisição de terrenos pela companhia e nos preços das áreas.
Na avaliação do copresidente, o aumento do prazo para a liberação de projetos pelas prefeituras devido ao isolamento social não deverá ser um gargalo quando ocorrer a retomada dos lançamentos.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Miguel Mickelberg, os bancos estão muito interessados no crédito imobiliário para pessoas físicas.
O diretor disse que a Cyrela teve 8% de pedidos de renegociação de pagamentos em abril.
Para a maioria dos clientes que solicitaram renegociação do financiamento, a companhia fez a concessão, com cobrança de juros.
Mickelberg disse também que o volume de distratos não foi relevante em abril.
A Cyrela fará apenas o pagamento de dividendo mínimo obrigatório, neste ano, segundo o diretor.
A companhia espera geração de caixa menor, devido à queda da venda de estoques.
“Antes da pandemia de covid-19, nossa intenção era continuar a reduzir o patrimônio líquido da Cyrela, mas mediante geração de caixa”, disse Mickelberg na teleconferência.