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11/04/2018

Cury adota sucessão familiar e Paulo assumirá presidência, do primo Fábio

A mudança da gestão faz parte da preparação da Cury - uma S.A. de capital fechado - para eventual lançamento inicial de ações (IPO).

Depois de 26 anos à frente da Cury Construtora, Fábio Cury se prepara para deixar o cargo de presidente executivo e assumir a cadeira de presidente do conselho de administração da empresa. Paulo Curi, seu primo - com i no sobrenome - e vice-presidente de operações da Cury, assumirá o leme da companhia em até um ano. A empresa foi fundada em 1962 por Elias Calil Cury, pai de Fábio, e Charles Calil Curi, pai de Paulo, com foco no desenvolvimento de loteamentos. Chama a atenção a diferença da grafia do sobrenome dos irmãos fundadores, mas a forma distinta não era incomum antigamente.

A mudança da gestão faz parte da preparação da Cury - uma S.A. de capital fechado - para eventual lançamento inicial de ações (IPO), mas o atual presidente deixa claro que o martelo em relação à realização da oferta ainda não foi batido. A Cyrela tem 50% de participação na Cury Construtora desde 2007.

Ainda segundo o presidente, os sócios estão "felizes com a empresa de capital fechado", mas ele e o fundador da Cyrela, Elie Horn, voltaram a conversar sobre a possibilidade de abertura de capital. Se realizado, o IPO terá o objetivo de capitalizar os sócios por meio de oferta secundária. Poderá haver emissão primária de ações, mas em menor volume. A intenção é que os atuais sócios continuem majoritários e que a Cury mantenha a prioridade na busca de rentabilidade. "Somos contra crescer a qualquer custo", diz.

Considerado por Cury seu braço direito, o primo ingressou na empresa na mesma época em que ele e tem experiência nas áreas de engenharia e incorporação. "Estou há muito tempo no comando. A mudança permite oxigenar a empresa", diz Cury.

Segundo o futuro presidente, não haverá mudanças na forma de atuação da incorporadora. "É um desafio [assumir a presidência], mas natural. Conheço bem a empresa", diz. Fábio Cury passará a ser presidente do conselho, órgão que hoje só existe proforma, mas que terá atuação efetiva e estratégica. O atual presidente continuará responsável também por novos negócios e terrenos, que já fazem parte de suas responsabilidades.

Com atuação no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a Cury estima ter desempenho operacional e financeiro, neste ano, "tão bom ou melhor do que o de 2017", de acordo com o atual presidente. No ano passado, a companhia teve recordes de vendas, repasses e geração de caixa.

Os lançamentos cresceram 23,9%, para R$ 777,4 milhões, e as vendas líquidas aumentaram 13,6%, para R$ 741 milhões. Segundo o presidente, a incorporadora poderia ter lançado e vendido mais se não fossem as restrições de recursos pela Caixa Econômica Federal, que afetaram o mercado de baixa renda em outubro e novembro. "Nossa estratégia é só fazer lançamentos com financiamento contratado", conta o executivo.

No ano passado, a Cury atuou, principalmente, na faixa 2 do programa habitacional e teve lançamentos também nas faixas 1,5 e 3. Em 2018, a faixa 1,5 ganhará participação, mas a maior parte dos projetos continuará a ser da faixa 2. A Cury atua em São Paulo, no Rio de Janeiro e na região de Campinas. Até agosto, a empresa vai entregar os dois projetos da faixa 1 que estão em fase de conclusão. A participação desse segmento na composição da receita está cada vez menor e correspondeu a 5% em 2017.

O modelo de "venda definitiva", que começou a ser adotado no início de 2017, contribuiu para o aumento dos repasses dos recebíveis. Pelo formato, a Cury considera que uma unidade foi comercializada somente quando o cliente obtém o financiamento bancário. Ao atrelar venda ao repasse, o modelo elimina o risco de distratos futuros.

A Cury encerrou 2017 com lucro líquido de R$ 136 milhões, alta de 21,7% em relação a 2016. A receita líquida teve expansão de 1,5%, para R$ 820 milhões. A margem bruta passou de 25,7% para 30,2%. A empresa obteve margem líquida de 16,6%, acima dos 13,8% de 2016. A geração de caixa chegou a R$ 95,3 milhões. A Cury fechou o exercício com caixa líquido pela primeira vez em cinco anos.

 

A incorporadora se chamou Curi até mudança societária ocorrida em 1998, quando Charles Calil Curi deixou de ter participação na empresa.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO