Representantes do segmento econômico, as incorporadoras Cury e Tenda divulgaram suas prévias operacionais ontem (17) e apresentaram resultados opostos em 2022. Enquanto a primeira atingiu recorde de lançamentos e vendas, a segunda teve recuo na operação.
A Cury encerrou o ano com 23 empreendimentos lançados, que somaram um valor geral de venda (VGV) de R$ 3,3 bilhões, 19% superior a 2021. As vendas líquidas também atingiram R$ 3,3 bilhões, alta de 28,2%.
O preço médio da unidade lançada subiu 19,4%, para R$ 263,2 mil. A Cury teve geração de caixa de R$ 298,4 milhões, alta de 25,7%.
A velocidade de venda, medida pelo índice de venda sobre oferta (VSO), foi de 75,3% nos 12 meses, 3,3 pontos percentuais acima do período anterior. Os distratos corresponderam a 8,7% das vendas, mais 0,7 ponto percentual.
A Cury já planejava um quarto trimestre mais tímido em lançamentos para concentrar projetos no início de 2023, e segue com esse objetivo, segundo o diretor-financeiro João Carlos Mazzuco. A empresa deve lançar ao menos R$ 1 bilhão até março e ultrapassar os R$ 3,3 bilhões alcançados no ano passado, afirma o executivo.
Mazzuco está otimista. Um prédio lançado neste mês em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, vendeu 30% das unidades em uma semana. “Temos expectativa de continuidade desse cenário, a demanda para baixa renda é mais do que evidente, e as novas medidas do governo virão com potencial de alta para nós”, diz.
No quarto trimestre, a empresa elevou as vendas líquidas em 23,2%, na comparação com o mesmo período de 2021, para R$ 753,1 milhões. A companhia lançou cinco empreendimentos, com VGV de R$ 556,2 milhões, queda de 29,4% sobre o quarto trimestre de 2021.
O estoque da Cury subiu 8,2% no período, para R$ 1 bilhão. Desse total, 97,6% está em fase de lançamento ou construção. A incorporadora terminou dezembro com banco de terrenos avaliado em R$ 10,1 bilhões, alta anual de 3,5%.
A Tenda fez 31 lançamentos em 2022, com VGV de R$ 2,3 bilhões, menos 24,4% sobre 2021. O preço médio das unidades lançadas ficou em R$ 197,2 mil, alta de 32%.
Fazer imóveis mais caros é algo que tem sido buscado pela Tenda nos últimos trimestres para melhorar a rentabilidade dos projetos, mesmo que isso reduza as vendas, o que ocorreu: as vendas líquidas da empresa caíram 26,7% no ano, para R$ 2,28 bilhões, assim como também caiu a VSO líquida, para 54,8%, recuo de 10,3 pontos percentuais sobre 2021.
Já a participação dos distratos sobre as vendas brutas cresceu ao longo de 2022, em 4,6 pontos percentuais, para 18,1%
No quarto trimestre de 2022, a empresa lançou VGV de R$ 704,2 milhões, queda de 15,8% sobre o mesmo período de 2021. A Tenda somou R$ 657 milhões em vendas líquidas, recuo de 15,9% na mesma base de comparação. A incorporadora terminou o ano com banco de terrenos avaliado em R$ 15 bilhões, elevação de 21,6% no ano.
Outra gigante da incorporação, a Cyrela, que atua mais fortemente no médio e alto padrão, aumentou as vendas em 2022. Ao se contabilizar apenas a sua participação nos empreendimentos vendidos em 2022, o resultado é um VGV de R$ 5,5 bilhões, alta de 20,2% ante 2021. Com a inclusão dos parceiros e permutas, o total sobe para R$ 7,9 bilhões, aumento de 43%.
A incorporadora lançou 48 empreendimentos em 2022, com VGV de R$ 5,8 bilhões, exclusivo de sua participação. É uma pequena retração de 3,4% ante 2021. Já ao se levar em conta os lançamentos totais, com parceiros, há um aumento de 28,3% no VGV lançado, que vai para R$ 9,1 bilhões no ano.
No quarto trimestre, a companhia atingiu R$ 1,5 bilhão em vendas líquidas, contabilizando apenas sua participação, 11% mais do que no mesmo período de 2021. Já os lançamentos caíram 38,7% no mesmo intervalo, também ao se contabilizar apenas a sua participação, para R$ 1,44 bilhão.
A VSO dos últimos 12 meses fechou o quarto trimestre em 47,7%. É uma performance melhor do que os 44% do último trimestre de 2021. A safra de lançamentos do quarto trimestre de 2022 foi 58% vendida, informa a Cyrela.
Matéria publicada em 17/01/2023